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Haddad diz que busca trajetória de ajuste nas contas após dez anos de déficit

Ministro alega que "distorções" estão sendo corrigidas, mas que não é possível 'corrigir 10 anos em 6 meses'

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira que o governo busca uma trajetória de ajuste nas contas públicas após 10 anos seguidos de déficit primário, nas suas palavras.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fixou como zero (ou seja, receitas iguais às despesas) a meta de resultado das contas públicas de 2024.

"Nos últimos 10 anos foram R$ 2 trilhões de déficit público e eu tenho dito que isso não favorece um crescimento maior da economia brasileira. O que está garantindo isso é justamente fazer o que estamos fazendo, recompondo a base fiscal do estado brasileiro, que foi erodida ao longo desses anos ", disse o ministro.

Segundo Haddad, o governo está buscando uma trajetória de ajuste.

"Nós estamos procurando justamente fazer uma trajetória de reajuste, depois de 2022, onde houve um enorme desarranjo em função do processo eleitoral ", disse Haddad a jornalistas no Ministério da Fazenda nesta sexta.

Economistas apontam uma piora no quadro das contas públicas a curto e longo prazo, o que, segundo especialistas, dificulta o crescimento da economia brasileira.

Entre as preocupações a curto prazo, são apontadas por exemplo as mudanças nas metas fiscais de 2025 e 2026, alteração no arcabouço fiscal para antecipação de R$ 15 bilhões nos gastos. A longo prazo, economistas alertam para a resistência do governo em atacar as despesas, a dinâmica de gastos da Previdência e a política de correção do salário mínimo.

Segundo o ministro, no entanto, a busca pela trajetória de ajuste não é simples. Ele diz que não é possível corrigir erros cometidos por dez anos em um curto período de gestão e afirmou que a inflação está sob controle.

"Estamos com uma inflação bastante controlada. A inflação deste ano vai ser menor que a do ano passado. A do ano passado foi bem menor que a do ano anterior, sobretudo levando em consideração as distorções provocadas pelo populismo da desoneração dos combustíveis, que gerou um efeito perverso sobre as contas públicas. Isso tudo está sendo corrigido. Mas você não consegue corrigir 10 anos em 6 meses".

A meta de inflação para 2024 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. Ou seja, ela será considerada cumprida caso fique entre 1,5% e 4,5%.

Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, acumulado dos últimos doze meses foi de 3,69%. No ano passado, o índice terminou o ano em 4,62%, dentro da meta estipulada.