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Escudo Oriental: Polônia investirá quase R$ 13 bilhões em sistema de fortificações na fronteira

Primeiro-ministro Donald Tusk afirmou que serão 400 km de reforço na fronteira com esses países como forma de "repelir" a guerra que ocorre na vizinha Ucrânia

O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk - Wojtek Radwanski/AFP

O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, informou neste sábado que o país investirá mais de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,7 bilhões na cotação atual) na segurança e fortificação de sua fronteira com a Rússia e a Bielorrússia, que também constitui a fronteira oriental da União Europeia (UE). O investimento faz parte de um projeto chamado "Escudo Oriental" que, segundo Tusk, já estava sendo posto em prática.

— Tomamos a decisão de investir 10 bilhões de zlotys [ou cerca de US$ 2,5 bilhões] em nossa segurança e, acima de tudo, na segurança de nossa fronteira oriental — disse Tusk aos repórteres, explicando o objetivo do projeto: — Esse sistema de fortificações, um reforço de 400km na fronteira com a Rússia e Bielorrússia, será um impedimento e uma estratégia para repelir a guerra em nossas fronteiras.

A Polônia, cujo território faz fronteira com o enclave russo de Kaliningrado e da Bielorrússia, além da Ucrânia, teme que possa ser o próximo alvo de Moscou. Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, Varsóvia tem apoiado firmemente Kiev e é o principal país de trânsito para as armas ocidentais entregues a ela.

No fim de abril, o presidente Adrzej Duda chegou a afirmar que o país estava "preparado" para abrigar armas em seu território caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidisse reforçar sua posição. A declaração foi feita após Moscou ter posicionado armas em Kaliningrado e na Bielorrússia.

Diante da ameaça russa, a Polônia empreendeu uma rápida modernização de suas forças armadas com um orçamento de defesa de cerca de 4% do PIB, o mais alto entre os países da Otan. Varsóvia também lançou uma série de aquisições de equipamentos militares, principalmente dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, a um custo de bilhões de dólares.

Esta não é a primeira vez que o país reforça suas fronteiras com a Bielorrússia. Em agosto passado, foram anunciados o envio de dez mil soldados para o leste do país em meio às tensões crescentes entre Varsóvia, Minsk e Moscou após a chegada de homens do Grupo Wagner, exército privado de mercenários, ao território bielorrusso. Em janeiro, o Exército polonês também anunciou o envio de quatro caças F-16 para o leste do país para proteger sua fronteira com a Ucrânia, após grandes ataques russos no país vizinho.

E no mais recente atrito entre Polônia e Rússia, em julho passado, Putin advertiu Varsóvia que qualquer "agressão" à aliada Bielorrússia seria tratada como um ataque ao seu próprio país, após a Polônia ter anunciado o envio de tropas para reforçar sua fronteira oriental em resposta à presença de forças mercenárias do grupo Wagner, que realizavam treinamentos na região, e de construir novas defesas no local.