Entre fogos de artifício e orações, iranianos se dividem após confirmação da morte do presidente
Perseguição contra ativistas, mulheres e críticos do regime eram uma marca do governo de Raisi
Após a notícia do acidente aéreo que envolveu o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, a população do país reagiu de formas opostas uma à outra, neste domingo (19). Durante as operações de buscas, a TV estatal mostrou a multidões rezando por Raisi e, em contrapartida, nas redes sociais, há quem tenha celebrado o desaparecimento e posteriormente a morte do líder.
“Vamos celebrar as boas notícias da queda do helicóptero de Ebrahim Raisi”, diz uma pessoa em um vídeo captado por um residente de Teerã e divulgado pelo jornal Iran Internacional no X — antigo Twitter —.
Assista aos vídeos abaixo
Em outro registro feito neste domingo, fogos-de-artifício são lançados aos céus em meio a festejos nas ruas com a notícia do acidente do presidente do Irã.
A ativista pelos direitos das mulheres Masih Alinejad disse na rede social que esse deveria ser o único acidente aéreo em que as pessoas estavam preocupadas com a possibilidade de alguém ter sobrevivido. Veja abaixo:
Ela segue ao dizer que esse seria o “Dia Mundial do Helicóptero” e, segundo a ativista, as redes sociais iranianas estavam repletas de piadas a respeito da morte de Ebrahim Raisi: “é assim que pessoas oprimidas lutam, pelo humor”, diz Masih na publicação.
A morte do presidente também teria sido comemorada pelas duas filhas de Minoo Majidi, uma opositora do regime que foi morta aos 62 anos com 167 tiros durante uma manifestação pelos direitos das mulheres em 2022. O vídeo também foi compartilhado por Masih Alinejad.
A atitude foi replicada por outras duas mulheres que também ficaram feridas na mesma manifestação. Mersedeh Shahinkar perdeu um dos olhos após ter sido atingida por uma bala de borracha e Sima Moradbeigi perdeu a mobilidade no braço direito.
Presidente em atividade no Irã desde 2021, Ebrahim Raisi era ultraconservador e mantinha uma relação complexa com os Estados Unidos, que classificava o político como um dos “iranianos sancionados por cumplicidade com graves violações dos direitos humanos”. A repressão contra ativistas, mulheres e críticos do regime marcaram seu governo.