TRÁFICO

ONU pede ''vigilância'' contra roubos de material nuclear

Em 2023, 31 países registraram 168 incidentes "alinhados com as médias históricas"

Soldado russo patrulha um dos prédios da central nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia - Andrey Borodulin / AFP

A agência de controle nuclear da ONU solicitou, nesta segunda-feira (20), que haja uma "vigilância" para frear o tráfico de materiais nucleares e radioativos e afirmou ter documentado mais de 4.200 roubos ou outros incidentes nos últimos 30 anos.

Em 2023, 31 países registraram 168 incidentes "alinhados com as médias históricas", indicou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em um comunicado.

Seis deles "provavelmente estavam relacionados ao tráfico ou ao uso mal-intencionado", acrescentou o órgão.

Desde 1993, a AIE registrou 4.243 incidentes, dos quais 350 estão relacionados ou poderiam estar associados ao tráfico ou a utilização mal-intencionada.

"A recorrência de incidentes confirma a necessidade de vigilância e melhoria contínua da supervisão regulatória para controlar, proteger e eliminar adequadamente o material radioativo", sinalizou Elena Buglova, diretora da divisão de segurança nuclear da AIEA.

O órgão com sede em Viena divulgou os dados no início de sua quarta conferência internacional sobre segurança nuclear, que terminará na sexta-feira (24) na capital austríaca.

Atualmente, um total de 145 Estados reportam à AIEA incidentes envolvendo materiais nucleares ou radioativos que foram perdidos, roubados, eliminados indevidamente ou negligenciados de outra forma.

Muitas substâncias radioativas são utilizadas em hospitais, universidades e indústrias em todo o planeta.

Dado que "a energia nuclear e, portanto, os materiais nucleares deverão se tornar cada vez mais difundidos nos próximos anos", será crucial para os países que utilizam a energia nuclear "garantir a segurança e proteger os materiais e programas", declarou à AFP Pranay Vaddi, alto funcionário da Casa Branca para o controle de armas e não-proliferação, à margem da conferência.

A AIEA teme que grupos extremistas possam apreender estas objetos e utilizá-los como uma "bomba suja", um dispositivo que utiliza explosivos convencionais para dispersar materiais radioativos.