ONU pede 'vigilância' contra roubos de material nuclear
Órgão registra 168 ocorrências em 2023, sendo pelo menos seis relacionadas ao tráfico ou ao uso mal-intencionado dos conteúdos nucleares e radioativos
A ONU solicitou nesta segunda-feira uma maior "vigilância" para frear o tráfico de materiais nucleares e radioativos e afirmou ter documentado mais de 4.200 roubos ou outros incidentes nos últimos 30 anos. Em comunicado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), responsável pelo controle nuclear da entidade, afirmou que 31 países registraram 168 ocorrências no ano passado.
Segundo a AIEA, os números de 2023 estão alinhados com as médias históricas, e pelo menos seis dos casos estariam relacionados ao tráfico ou ao uso mal-intencionado da substância. Desde 1993, a agência registrou 4.243 incidentes, dos quais 350 correspondem a essa mesma natureza.
— A recorrência de incidentes confirma a necessidade de vigilância e melhoria contínua da supervisão regulatória para controlar, proteger e eliminar adequadamente o material radioativo — sinalizou a diretora da divisão de segurança nuclear da AIEA, Elena Buglova.
Os dados foram divulgados na abertura da 4ª Conferência Internacional sobre Segurança Nuclear, realizada em Viena, capital da Áustria e cidade sede do órgão. O encontro, que começou nesta segunda-feira, vai até sexta-feira (24) e acontece a cada quatro anos.
Atualmente, um total de 145 países reportam à AIEA incidentes envolvendo materiais nucleares ou radioativos que foram perdidos, roubados, eliminados indevidamente ou negligenciados de outra forma. Ao redor do planeta, muitas substâncias radioativas são utilizadas em hospitais, universidades e indústrias.
— Dado que a energia nuclear e, portanto, os materiais nucleares deverão se tornar cada vez mais difundidos nos próximos anos, será crucial para os países que a utilizam garantir a segurança e proteger os materiais e programas — disse à AFP o alto funcionário da Casa Branca para o controle de armas e não-proliferação, Pranay Vaddi, pouco antes da conferência.
A AIEA teme que grupos extremistas possam apreender estes objetos e utilizá-los como uma "bomba suja", um dispositivo que utiliza explosivos convencionais para dispersar materiais radioativos.