economia

Brasil-EUA: Cresce expectativa com juros americanos

Último dado de inflação é positivo, mas economistas defendem responsabilidade

Dólares - Canva/Reprodução

No último dia 15, o governo americano informou que a inflação teve alta de 0,3% em abril, contra 0,4% em março. O número ficou abaixo das projeções do mercado e animou alguns economistas sobre a possibilidade de uma flexibilização da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

A taxa básica de juros nos EUA está entre 5,25% e 5,50% desde julho de 2023, numa tentativa do Fed de levar a inflação de volta à meta de 2% ao ano — em abril, o índice em 12 meses estava em 3,6%.

— O relatório foi encorajador, e parece que a política (de aumento da taxa de juros) será, em última análise, bem sucedida — disse James Bullard, ex-presidente do Fed de Saint-Louis, durante o Summit Valor Econômico Brazil-USA.

Bom para a economia global
O economista disse acreditar que a meta de 2% de inflação será alcançada em breve, embora não ache que o Fed baixará a taxa de juros antes das eleições presidenciais nos EUA, de novembro.

— Acho que a política será bem-sucedida em última análise, e isso se deve à credibilidade do banco central. A credibilidade do Federal Reserve estava em jogo em 2022. O banco central tinha que mostrar que estava determinado a combater a inflação. Acho que fizemos isso, o que é bom para os EUA, mas também para a economia global e o Brasil — disse Bullard.

 

A crítica ao posicionamento do banco central americano no início da crise inflacionária nos EUA foi apoiada por Kevin Warsh, que também trabalhou no Fed e foi colega de Bullard:

— Os EUA também podem fazer um trabalho melhor na liderança da política monetária. Inflação não se deve a pandemias, cadeias de suprimentos ou guerras. A inflação é sobre a política do Banco Central.

Confusão desde 2008
Para Warsh, as políticas fiscal e monetária americanas passaram a se confudir após a crise financeira de 2008.

— Os EUA têm uma obrigação especial de ter uma política fiscal responsável e uma política monetária responsável. Devo acrescentar que é difícil ter uma política monetária responsável se a política fiscal parecer irresponsável, e vice-versa — afirmou Warsh.

Presente no debate, Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, também falou sobre decisões do governo ao ser indagado porque votou pelo corte de 0,5 ponto percentual da Taxa Selic na última reunião do Comitê de Política Monetária:

— Cabe aos diretores colocar a taxa de juros num patamar restritivo suficiente e pelo tempo necessário para que a inflação caminhe para a meta.