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Gigantes de carne brasileiras têm revés no Uruguai, que veta acordo entre Marfrig e Minerva

Órgão de defesa da concorrência proíbe aquisição de 3 frigoríficos uruguaios pela Minerva. Compra global envolve outras 13 unidades da Marfrig no Brasil, Argentina

Frigorífico - Divulgação/Abiec

Os frigoríficos brasileiros Marfrig e Minerva informaram que a autoridade que regula a defesa de concorrência do Uruguai vetou parte de uma venda global de ativos no valor total de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,5 bilhões) que aumentaria o domínio da Minerva sobre as exportações de carne bovina da América do Sul.

Em agosto do ano passado, conforme antecipou a coluna Capital, do GLOBO, a Minerva comprou 16 unidades da Marfrig no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, numa estratégia de reforçar o foco na produção de carne in natura. A Marfrig, por sua vez, tinha por objetivo reforçar seu caixa e se afastar cada vez mais deste segmento para se concentrar em alimentos processados.

A operação envolvia unidades que, juntas, têm capacidade de abater quase 20 mil bovinos e ovinos por dia e receitas de R$ 18 bilhões. Após o revés no Uruguai, os frigoríficos informaram que planejam seguir em frente com a transação para o restante das fábricas, sendo 11 no Brasil, uma na Argentina, uma no Chile, informaram em comunicado.

As três fábricas no Uruguai serão removidas do acordo. Elas foram avaliadas em R$ 675 milhões (cerca de US$ 132 milhões).

No Brasil, o acordo ainda está sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No início deste mês, a Superintendência-Geral do Cade declarou a operação como “complexa”, o que na prática pode estender o prazo de avaliação do colegiado oito meses.

No Uruguai, o acordo foi contestado de forma incisiva por pecuaristas locais, pois a transação daria à Minerva cerca de 50% da capacidade anual de abate do país, além de um maior poder de negociação nos preços do gado.

A decisão da Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência (Coprodeco), um órgão de três membros vinculado ao Ministério de Economia e Finanças do Uruguai, foi tomada por unanimidade: "A operação daria lugar à criação de uma posição dominante e a um mercado altamente concentrado, no que uma só empresa disporia [...] de poder de mercado e da aptidão para limitar, distorcer ou reduzir substancialmente a concorrência, existindo, além disso, barreiras à entrada de novos competidores", assinala o texto do julgamento.

A Minerva opera no Uruguai desde 2011 e hoje tem quatro frigoríficos no país. A empresa está busca expandir seu domínio sobre as exportações de carne bovina da América do Sul em um momento em que a escassez de gado nos EUA levou a uma maior demanda por carne de outras regiões.