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Veja como será o Memorial da Covid-19 no campus da Fiocruz, em Manguinhos

O concurso escolheu o vencedor entre os 88 projetos enviados à Comissão Julgadora

Projeto vencedor para o Memorial da Covid-19 no campus da Fiocruz, em Manguinhos. - Arte/Divulgação/IAB-RJ

Um marco na história do país e do mundo vai ganhar cores e formas na Zona Norte do Rio. O concurso para escolha do projeto vencedor para o Memorial da Covid-19, que será instalado no campus da Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz), em Manguinhos, teve o vencedor anunciado pelo realizador, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). O concurso público de abrangência nacional deu o primeiro lugar a uma equipe paulista. Além do segundo e terceiro lugares, outros cinco receberam menção honrosa. A cerimônia de premiação será realizada nesta quinta-feira, no campus, a partir das 15h.

Ao todo, 88 projetos foram enviados. Todos, num primeiro momento, foram analisados individualmente por cada um dos sete integrantes da Comissão Julgadora que, numa série de reuniões, debatiam sobre as propostas. Entre os critérios a serem seguidos, os avaliadores buscavam um trabalho que rememorasse a pandemia de Covid-19, homenageasse suas vítimas, sobreviventes e, sobretudo, a ciência, o Sistema Único de Saúde (SUS) e a saúde.

A equipe vencedora é formada por Paulo José Tripoloni, Pablo Mora Peludo, Gabriel Costa Dantas e Fernanda Macedo Haddad. O resultado foi publicado nesta terça-feira no site dedicado ao memorial (memorialcovidfiocruz.com.br). Na justificativa, que consta na ata do julgamento do concurso, a comissão falou sobre o projeto:

"O projeto configura uma notável proposta que une circulação e contemplação, demonstrando grande sensibilidade e entendimento sobre o memorial, com a rememoração da pandemia e dos sofrimentos a ela associados, a importância da ciência e a resiliência dos sobreviventes, narrando de modo pouco óbvio e bastante poético as fases do evento pandêmico. As empenas com desenho orgânico valorizam o espelho d’água e a mata ao fundo e se articulam aos demais elementos de composição. As formas curvas e fluidas em cor branca emolduram os espaços do memorial, definindo a fachada e integrando os acessos ao Museu da Vida e à portaria. O trabalho resulta em um conjunto que abre visuais e acessos para a vegetação, diferencia-se da arquitetura existente no entorno e marca a paisagem do local."

O monumento será erguido numa área com 2,5 mil metros quadrados, dentro do campus de Manguinhos, à esquerda de quem entra pelo portão principal da Avenida Brasil, num espaço arborizado, com um lago e um chafariz. Logo à frente, está o Centro de Recepção do Museu da Vida.

Foram feitas recomendações para que não houvesse personalização com nomes de vítimas da Covid-19, referências de cunho religioso ou exaltação à instituição que encomendou a obra. As principais restrições foram de ordem física, porque o projeto será erguido num espaço com áreas tombadas tanto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

A cerimônia de premiação do concurso será realizada nesta quinta-feira, em evento aberto ao público no auditório do Museu da Vida Fiocruz, no campus sede em Manguinhos, a partir das 15h. Haverá transmissão ao vivo pela internet no canal da Fiocruz e do IAB-RJ no YouTube.

Marcos José Pinheiro, diretor da Casa de Oswaldo Cruz, um dos institutos que compõem a Fiocruz, destacou, em entrevista ao GLOBO, que o memorial que será erguido no local se associa a um movimento que ocorre no mundo todo de monumentos relativos às chamadas “memórias difíceis, sensíveis ou traumáticas”. Ele explicou que são espaços alusivos não só à rememoração dos acontecimentos, mas também que possibilitem uma reflexão acerca do contexto em que tudo se deu.

— A percepção muda de acordo com a pessoa e se transforma no tempo. Com certeza, as gerações futuras, que visitarão o memorial, vão ter percepções distintas daqueles que vivenciaram o fato. Isso é importante para a gente não deixar passar em branco e ter esse espaço para a reflexão, celebração e encontro das pessoas que viveram intensamente tudo isso — afirmou Pinheiro em entrevista ao Globo.

Escolha dividida em etapas
Antes do resultado final, a Comissão Julgadora fez uma série de reuniões, dos quais os primeiros cinco encontros foram de maneira virtual para discussão de critérios e definição da metodologia a ser utilizada para a avaliação dos projetos participantes. Cada integrante analisou cada um dos inscritos individualmente. Numa primeira fase foram selecionados 56, em seguida, diminuiu para 26 projetos. Estes, então, foram analisados em conjunto.

Em todas as etapas os projetos eram identificados para a comissão apenas por números, atribuídos aleatoriamente pela coordenação do processo de seleção, sem elementos que permitissem identificá-los.

A equipe formada por Gabriela Giraldez Barros, Guilherme Albamonte Mejias, Pedro Augusto Galbiati Silva Giachini, Danielle Mascaro Pioli e Dra. Norma Mejias Quinteiro (enfermeira consultora) ficou em segundo lugar. Os mineiros Augusto e Flávia Rodrigues Dilascio em terceiro.

O júri concedeu ainda cinco menções honrosas. Elas foram entregues às equipes lideradas pelos seguintes responsáveis técnicos: Eron Costin (PR), Antonio Roberto Zanolla (SP), Maria Cristina Motta Oliverio (SP), Matheus Augusto de Oliveira e Carvalho (DF) e Duarte Vaz Guedes e Silva (RJ). Segundo a ata de julgamento, essas propostas receberam a menção por possuírem potencial tanto do ponto de vista conceitual como projetual.

A comissão se reuniu na sede do departamento do Rio de Janeiro do IAB-RJ, no último dia 15, para a última etapa de avaliação dos projetos enviados. O grupo foi presidido pelo arquiteto urbanista Luís Carlos Soares Madeira Domingues e teve a participação da arquiteta urbanista Maria Regina Pontin de Mattos, a historiadora Cristina Meneguello, o arquiteto paisagista Eduardo Henrique Faria Barra, o arquiteto urbanista Ernani Freire, a arquiteta urbanista Gloria Cabral e pela médica infectologista Dra. Valdiléa Gonçalves Veloso dos Santos.