Festival de Cannes

Em Cannes, ''Motel Destino'' recebe elogios por atuações ''quentes'' do trio de protagonistas

Longa-metragem de Karim Aïnouz, exibido nesta quarta-feira na competição oficial, tem no elenco Nataly Rocha, Iago Xavier e Fabio Assunção

Cena de "Motel Destino", dirigido por Karim Aïnouz - Divulgação

"Motel Destino", de Karim Aïnouz, recebeu 12 minutos de aplausos após a exibição no Theatre Debussy, no Festival de Cannes. O filme é a segunda participação consecutiva de Karim na competição oficial, mas desta vez traz o diretor de volta ao cinema brasileiro — ano passado ele competiu com "Firebrand", produção inglesa estrelada por Jude Law e Alicia Vikander. Karim estava na sessão ao lado de mais de 20 membros de sua equipe, incluindo os protagonistas do filme, Nataly Rocha, Iago Xavier e Fabio Assunção.

“Depois de quatro anos de terror, estou muito feliz de ter podido voltar a filmar no Brasil e fazer um filme que celebra a vida, a alegria e a paz”, discursou o cineasta após os aplausos.

Antes da projeção, a imprensa americana chegou a descrever "Motel Destino" como "o filme mais sexy de Cannes", e boa parte da crítica destacou o forte tema sexual do longa-metragem. A expectativa era grande também pelo histórico de Karim no festival. Em 2019 ele ganhou o prêmio Un Certain Regard, com ''A Vida Invisível''.

Para David Rooney, crítico do "Hollywood Reporter", "a sensualidade madura do filme combina bem com a ameaça de cenários isolados, como um parque eólico em um trecho solitário de praia à noite. Da mesma forma, a ameaça latente de violência ou abuso sexual." Ward elogia a fotografia, direção de arte e as "fortes performances" dos três protagonistas, mas vê fragilidades no roteiro. O balanço, no entanto, é positivo: "Apesar das suas falhas, 'Motel Destino' tem humor, crueza e atmosfera, alimentados pela trilha de Amine Bouhafa, que se torna cada vez mais inquietante à medida que aumenta a urgência."

Guy Lodge, da "Variety", vê mérito na simplicidade do roteiro. Para ele, "'Motel Destino' é leve no enredo, a ponto de parecer um experimento atrevido de gênero: todos os tipos e tropos do noir estão presentes e corretos, mas todo mundo é sensual e está com tesão demais para para matar." Ele admite que isso pode ser frustrante para alguns, mas defende que "quando você se entrega à energia sexual febril do filme, ele se torna um tipo único de sensação, pulsando com som, cor e movimento".

Peter Bradshaw, do "Guardian", dá 4 estrela (em 5) para o filme, que ele descreve como um "thriller erótico noir brasileiro com atuações incríveis". Para ele, Nataly Rocha, Iago Xavier e Fabio Assunção entregam "três performances físicas intensas e inconscientes nas quais seus corpos estão frequentemente à mostra, sensuais, mas frágeis."

Algumas críticas, no entanto, foram mais duros. Em um texto publicado em seu site, a revista francesa "Les Inrockuptibles" se mostrou decepcionada. Segundo o crítico Ludovic Béot, havia a expectativa de que o diretor brasileiro voltasse a um cinema mais "pessoal" e "econômico" depois do seu trabalho em Hollywood (no filme "Firebrand, o jogo da Rainha"). "O cineasta brasileiro nos joga dentro de um motel sujo e assina um exercício de estilo sem profundidade", afirma o crítico francês.