Rio de Janeiro

Além de Cláudio Castro, quem é o vice-governador que também está sob ameaça de ser cassado

Thiago Pampolha (MDB) está rompido com governador do Rio de Janeiro desde que deixou o União Brasil para o MDB

Thiago Pampolha - Tânia Rêgo/Agência Brasi

O vice-governador do Rio de Janeiro Thiago Pampolha (MDB) é um dos réus no processo que pode levar à cassação do mandato dele, do governador Cláudio Castro (PL) e do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil). O julgamento, retomado nesta quinta-feira, vai determinar se eles são culpados pelos crimes de abuso de poder político e econômico.

Pampolha, diferentemente de Castro e Bacellar, ficou de fora do pedido de inelegibilidade feito no voto do relator, desembargador Peterson Barros. A acusação do Ministério Público Estadual (MPE) afirma que, como ele entrou em cima da hora no posto de vice da coligação, “todos os fatos abusivos desvendados nesta demanda já estavam em curso (...), não sendo razoável presumir a sua participação, contribuição e/ou anuência com as condutas ilícitas que alicercem a sua condenação à grave e personalíssima sanção de inelegibilidade”. Na prática, portanto, o órgão demanda a perda do cargo do emedebista, mas não dos direitos políticos.

Relação com Castro
A relação de Pampolha e o governador foi abalada após a ida do vice do União Brasil para o MDB. Em março, ele foi demitido por Castro da Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade, e classificou o movimento como injusto. Thiago Pampolha disse que foi alvo de "punição política" e disse discordar dos rumos do governo, apesar de “respeitar” a decisão.

Segundo o vice, Castro queria que ele seguisse as orientações que lhe deu sobre quando se filiar ao MDB. Pampolha preferiu ir no momento da convenção partidária de fevereiro, enquanto o governador pediu para que aguardasse as eleições deste ano. A partir dessa conversa nos primeiros dias do ano, de acordo com o agora emedebista, Castro passou a ignorá-lo em diferentes frentes.

Depois da decisão de trocar de partido, outros episódios escancaram o afastamento e o estresse entre os dois. O primeiro foi também no início de janeiro, quando a Região Metropolitana do Rio enfrentou enchentes. Da Disney, onde estava viajando, Castro postou que, “mesmo de férias”, estava comandando o gerenciamento da crise. Pampolha, por sua vez, estava nas ruas com prefeitos e se sentiu desprestigiado.

Antes da volta de Castro durante as chuvas, Pampolha sobrevoou as áreas atingidas. “Estamos em campo, monitorando e atuando em todas as frentes para enfrentar este desafio juntos", disse Pampolha na época.

Deputado mais jovem da Alerj
Eleito pela primeira vez em 2010, aos 23 anos, Pampolha foi o deputado mais jovem da história da Alerj. Ele se reelegeu em 2014 e também em 2018. Nas eleições de 2022, ele chegou a lançar sua candidatura ao quarto mandato, mas renunciou menos de 1 mês após o início da campanha para se tornar vice-governador na chapa de Cláudio Castro. A base eleitoral de Pampolha fica na zona oeste do Rio.

O primeiro cargo no alto escalão do governo do Rio de Janeiro foi durante a gestão Pezão (MDB). Pampolha atuou como secretário de Estado do Esporte, Lazer e Juventude entre 2017 e 2018. De 2020 a 2022, no primeiro governo de Claudio Castro, foi secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, cargo do qual foi demitido.

Em votação que culminou com a posse relâmpago de Domingos Brazão no Tribunal de Contas do Estado (TCE), Pampolha foi um dos que votaram a favor da nomeação do político preso por ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. Pampolha tornou-se secretário em 2017, sendo substituído na ALERJ por Aramis Brito.

Em 2017, Pampolha votou pela soltura dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, denunciados na Operação Cadeia Velha, acusados e presos por supostamente fazerem parte de um esquema criminoso que contava com a participação de agentes públicos dos poderes Executivo e do Legislativo, inclusive do Tribunal de Contas do estado, juntamente a grandes empresários da construção civil e do setor de transporte.