Governo foi informado previamente de acordo entre Azul e Gol para compartilhamento de voos
Acordo alimenta especulação sobre fusão. Parceria valerá para rotas domésticas nas quais só uma das empresas opera
O governo foi informado previamente sobre a operação de codeshare entre Gol e Azul, anunciada na noite da quinta-feira (23), pelas duas empresas e, a princípio, não vê problemas.
Um integrante do alto escalão do governo afirmou que esse tipo de parceria já ocorreu no passado e não deve enfrentar problemas no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Para esse interlocutor, ainda é cedo para falar se o codeshare é o primeiro passo para a fusão entre as duas companhias. A expectativa do governo é que a Gol consiga se reestruturar financeiramente durante o processo de recuperação em andamento nos Estados Unidos para não restringir a concorrência no transporte aéreo.
Em publicação na rede social, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que a pasta e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vão acompanhar eventuais consequências do "buscando sempre melhores serviços e condições para o consumidor brasileiro". Ele destacou ainda que o tipo de parceria é comum no setor em todo o mundo.
"Esse tipo de acordo comercial já ocorre entre outras companhias aéreas nacionais e internacionais ao redor do mundo. Nós esperamos que possa ampliar a conectividade entre os diversos destinos brasileiros, gerando maior complementaridade na malha nacional, oferecendo mais opções de voos para os brasileiros", comentou o ministro.
Após o anúncio, as ações da Azul (AZUL4) dispararam na Bolsa de Valores de São Paulo e chegaram a subir 9,14%. As da Gol (GOLL4) tiveram alta de até 16,6%.
A Gol está em recuperação judicial e, segundo rumores de mercado, há conversas com a Azul para unir os dois negócios. Na semana passada, em evento em Nova York, o CEO da Azul, John Peter Rodgerson, evitou falar diretamente sobre as supostas conversas, mas disse sempre acreditou na consolidação do setor.
A parceria anunciada na noite de quinta-feira inclui as rotas domésticas exclusivas, ou seja, operadas por uma das duas empresas e não a outra.
Assim, o cliente poderá viajar entre duas cidades cuja rota é operada pela Gol, trocar de aeronave no aeroporto e seguir para um terceiro destino cuja rota é operada pela Azul. Sem esse acordo, o passageiro não chegaria a essa terceira cidade.