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Zelensky pede que Ocidente use "todos os meios" para "forçar a Rússia à paz"

A pouco menos de três semanas da cúpula pela paz na Ucrânia que acontecerá na Suíça, Volodimir rejeitou a proposta da China e do Brasil de convidar a Rússia

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky - Oscar Del Pozo/AFP

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu nesta segunda-feira (27) ao Ocidente que "use todos os meios" para "forçar a Rússia à paz", durante uma visita à Espanha, país que prometeu um bilhão de euros (R$ 5,58 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia, sobrecarregada pela ofensiva russa.

“Devemos intensificar o nosso trabalho conjunto com os nossos parceiros para conseguir mais: segurança e coerção tangível à Rússia para alcançar a paz por todos os meios”, apelou o presidente ucraniano em coletiva de imprensa ao lado do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez.

É necessário "pressionar não apenas a Rússia, mas também nossos parceiros, para que nos deem a oportunidade de nos defender", afirmou Zelensky, ao pedir novamente sistemas de defesa antiaérea, para poder interceptar as mais de 3.000 bombas lançadas pela Rússia contra seu país a cada mês.
 

A pouco menos de três semanas da cúpula pela paz na Ucrânia que acontecerá na Suíça, Zelensky rejeitou a proposta da China e do Brasil de convidar a Rússia, porque a presença de Moscou vai "bloquear tudo”.

Com dificuldades nos fronts leste e nordeste, a Ucrânia exige há meses armas ocidentais para poder atacar posições e bases russas em território russo, algo que os americanos e europeus recusaram até agora por medo de uma escalada, uma decisão que confere na prática alguma vantagem às forças do Kremlin.

- "Reconsiderar" as restrições -
Mas esta posição "defensiva" começa a causar debate entre os aliados.

Durante uma reunião da Otan na capital búlgara, o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, estimou que “chegou a hora de reconsiderar” as restrições que “amarram uma das mãos dos ucranianos”.

No domingo, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, manifestou-se contra o uso de armas fornecidas à Ucrânia contra alvos em território russo. “Devemos ter muito cuidado”, disse ela.

O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, estimou durante uma viagem a Kiev no início de maio que a Ucrânia tinha o “direito” de atacar o território russo, afirmando que queria deixar a decisão de como usar as armas britânicas a cargo de Kiev.

Questionado sobre o tema nesta segunda-feira, Pedro Sánchez foi evasivo.

“Estaremos com a Ucrânia o tempo que for necessário”, disse genericamente o presidente do governo espanhol, que anunciou nova ajuda militar no âmbito de um acordo de segurança com Kiev.

Este acordo “inclui um compromisso de apoio militar para o ano 2024 de 1 bilhão de euros que permitirá à Ucrânia reforçar as suas capacidades”, declarou Sánchez.

A Ucrânia pede principalmente mais sistemas americanos de defesa antiaérea Patriot para combater os bombardeios russos, argumentando que atualmente só dispõe de um quarto do armamento de que necessita.

- Duas novas localidades perdidas -
Zelensky especificou que seu país precisa de “sete sistemas Patriot adicionais”, incluindo “pelo menos dois para Kharkiv”, segunda maior cidade do país, situada a cerca de quarenta quilômetros da fronteira russa e alvo de bombardeios russos.

Segundo Sánchez, a Espanha negocia com outros países aliados para saber exatamente quantos sistemas Patriot podem ser enviados para a Ucrânia. A visita de Zelensky estava inicialmente marcada para 17 de maio, mas foi adiada devido à nova ofensiva lançada pelo Exército russo contra o nordeste ucraniano.

O presidente ucraniano irá a Portugal nesta terça-feira, anunciou o governo português.

A Rússia assumiu nesta segunda-feira a responsabilidade pela tomada de duas novas localidades no leste da Ucrânia, onde um ataque a um hipermercado de bricolagem em Kharkiv deixou dezesseis mortos no sábado. Uma mulher morreu nesta segunda-feira em um novo ataque a uma zona industrial desta cidade, informou o governador da região.

A Rússia continua ganhando terreno na Ucrânia, depois de retomar o comando das ações com o fracasso da contraofensiva de Kiev no verão de 2023.