100 anos

APL homenageia o acadêmico José Nivaldo em seu centenário

O escritor, médico e pecuarista, que ocupava a cadeira de nº 34, faleceu em 2013, e deixou como marca uma literatura de cunho regionalista

José Nivaldo Jr. (em pé) durante solenidade em homenagem ao centenário do pai - Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco

Na tarde desta segunda (27), acadêmicos, familiares e amigos reuniram-se na Academia Pernambucana de Letras (APL), no bairro das Graças, no Recife, em sessão ordinária – na verdade, uma sessão especial – para homenagear o escritor, médico, romancista, contista e pecuarista José Nivaldo Barbosa (1924-2013), que teria completado 100 anos de idade nesse domingo (26).

A solenidade contou com as falas oficiais dos acadêmicos Alvacir Raposo e Ana Maria Cesar, que relembraram passagens da vida de José Nivaldo, que, em vida, ocupou a cadeira de nº 34 da APL. Parte da numerosa família também marcou presença na solenidade e contou, já em clima de informalidade, alguns “causos” e curiosidades sobre o acadêmico, falecido em 2013.

“A memória é o que chamamos de ‘o cordão umbilical da cultura’. Então, José Nivaldo é, para nós, um marco de memória e de incentivo à qualidade da cultura de Pernambuco. É uma figura que, para nós, tem muita importância porque é um grande literato e é também um homem que tem uma largueza cultural muito grande, é alguém que marcou presença. Portanto, o centenário é mais que só uma homenagem. É, como eu digo, uma celebração”, disse o presidente da APL, Lourival Holanda.

Homenageado
José Nivaldo de Souza nasceu na Vila do Cedro, em Limoeiro, agreste de Pernambuco, no ano de 1924. Além de escritor ficcionista, também teve atuação destacada na Medicina, voltando-se para a pesquisa de parasitoses e no trabalho voltado à segurança alimentar, trabalhando junto com Josué de Castro.

Por volta dos 14 anos de idade, no Ginásio Limoeiro, se deu conta de seus dotes literários, por observação do seu professor à época, José Cândido de Carvalho. Seu primeiro livro, “Amor, fuxico e emancipação”, de 1967, tem como inspiração o cenário da Vila do Cedro.

Sua vivência no meio rural, entre o gado e plantações de cana-de-açúcar, assim como as histórias que se conta e se ouve, foi decisiva para torná-lo escritor inclinado à literatura regionalista, trazendo aos seus romances e contos os costumes e o linguajar do povo de interior.

José Nivaldo integrou diversas entidades literárias, como a Academia Pernambucana de Letras (na qual ingressou aos 78 anos); a Academia de Letras e Artes do Nordeste; a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores; a União Brasileira de Escritores (Seção Pernambuco); a União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos; e a União Mundial dos Escritores Médicos. 

Legado
O acadêmico Alvacir Raposo fez uma fala emocionada sobre o amigo, na solenidade. “É uma justa homenagem. Além de escritor de méritos, com livros reconhecidos como verdadeiras obras literárias, ele também foi um grande médico no interior. Um homem múltiplo, uma personalidade cativante e que nós tivemos muito prazer, juntamente com sua família, de comemorar os 100 anos de seu nascimento.”

O também acadêmico da APL José Nivaldo Jr., filho do homenageado, não poupou adjetivos ao falar da relevância do pai. “Ele foi uma figura excepcional. Foi médico, pesquisador, cientista e operador da saúde, curador. Escritor que publicou mais de 10 livros, fez parte da Academia Pernambucana de Letras, onde tenho a honra de tê-lo substituído”, contou.

“E eu tive como grande herança dele a sua obra. Ele me deixou a responsabilidade de preservar, tocar e promovê-la adiante, para que ele tenha, na posteridade, o reconhecimento que teve em vida, e para que mantenha e faça, cada ano mais, jus ao título de imortal que ele conquistou em diversas academias, em três continentes.”