OPINIÃO

Pentecostes. Obra de Maria. A Paz Mundial. Oração de São Francisco

O evento promovido pela Obra de Maria nos dias 18 e 19 de maio acontecido em Assis, Itália, reuniu um imenso público convergindo de vários lugares do mundo. Era para celebrar a festa da Igreja Cristã em memória da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. O ato ecumênico revestiu-se de extrema magnitude, principalmente se nos situarmos no contexto universal e pelo simbolismo de ter acontecido em Assis, cidade onde nasceu São Francisco de Assis (1181 - 1226), batizado como Giovanni di Pietro di Bernardone, agraciado milionário pelo berço, mas que fez voto de pobreza e disseminou pelo universo o sentimento de benquerença, irmandade e paz.

Pentecostes vem da língua grega e significa cinquenta dias da Festa da Páscoa. “Eis aí tua mãe - Obra de Maria” é uma associação privada de fiéis, de Direito Diocesano, nascida da corrente de graça conhecida como Revolução Carismática. Seu objetivo é evangelizar com alegria, “cada um com o seu estilo ou estado de vida escolhido: celibato, matrimonio, sacerdócio”, que surgiu em 1967 na Universidade de Duquesne, em Pittisburgh, Pensivalnia, EUA

Para os inimigos da Paz, o socialismo representou por décadas a antítese da harmonização social, um perigo inarredável que urgia conter. Não há como não desmentir a falácia. Sob os escombros do regime falido, o que aconteceu? Uma nova ordem diversificada em todo o mundo, onde estão baseadas as leis do mercado com a avidez do lucro e a exclusão de multidões das vantagens do desenvolvimento. O que prevalece é a disputa por espaços onde a cooperação integradora comunitária internacional não tem lugar.

Em meio a tudo isso esquece-se as lições do passado. A visão expansionista dos grandes impérios, tão bem descritas por Oliver Stone e Peter Kulniek no extraordinário livro A história não contada dos Estados Unidos. O primeiro é o consagrado cineasta que dirigiu Platoon, JFK, Wall Street, Nascido em 4 de julho e diversos outros filmes que marcaram época. O segundo é PHD em História e diretor do Instituto de Estudos Nucleares da American University e autor de vários livros dedicados à cultura histórica.

Quando Gorbachev, que vinha lutando pela renovação da URSS, apontou que Boris Yeltsin era o preferido do “Círculo próximo de Bush, e pelo próprio Bush, cujo o objetivo era desmembrar a própria União Soviética”, poucos acreditaram. Até que, ao renunciar, Boris Yeltsin entregou o poder a Vladimir Putin, ex-agente da KGB, que implantou um poder tirânico, autocrático, expansionista, como nos tempos dos Czares. Deu no que deu!

Todo esse desenfreio convoca a todos a uma autorreflexão que já preocupava Voltaire séculos atrás sobre a incapacidade do indivíduo de discernir situações, concluindo o grande pensador, no seu Dicionário Filosófico, que “há muitos indivíduos que nasceram para raciocinar, outros para não raciocinar e outros para perseguir os que raciocinam”.

Para os místicos que possam parecer atônitos face a tamanha barafunda, existe uma mensagem contida na Oração de São Francisco, que antes de ser oração é um apelo ecumênico pela Paz duradoura, hoje reconhecida pelas mais diversas etnias e religiões desde que foi universalizada no Osservatore Romano, departamento do Vaticano, no dia 20 de janeiro de 1916.

A oração de São Francisco começa assim: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. E termina assim: É morrendo que se vive para a vida eterna.

Como bem explica Leonardo Boff, a Oração de São Francisco começa com uma invocação e termina dizendo que a vida é um jogo difícil entre enraizamento e abertura... se se abre, esquecendo das raízes, se aliena e perde a identidade.


A reflexão profunda afastará a mistificação que ofusca a razão. Pode ser o melhor caminho para a Paz.

*Procurador de Justiça do MPPE. Diretor Consultivo e Fiscal da Associação do MPPE. Ex- repórter do Jornal Correio da Manhã (RJ)