CRIME

Entenda como funciona medicamento que teria sido usado por mulher para matar namorado no Rio

Substância age sobre o sistema nervoso central e foi supostamente colocada no doce

Dimorf é um medicamento usado para tratamento de dores agudas - Reprodução

A Polícia Civil investiga a morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, cujo corpo foi descoberto em estado avançado de decomposição em seu apartamento no Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro. A principal suspeita do crime é sua namorada, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, que supostamente teria permanecido no local com o cadáver por três dias. Durante o depoimento, Suyany Breschak, apontada como cúmplice de Júlia, relatou que a mulher teria administrado 50 comprimidos em um brigadeirão “envenenado”.

De acordo com o que foi explicado à Polícia por Suyany, antes de dar os doces a ele, a namorada de Luiz Marcelo teria moído os comprimidos de Dimorf de 30 mg e colocado o produto em dois brigadeirões.

Após entregar os doces a Luiz Marcelo, Júlia teria contado à comparsa por mensagens que ele ficou com a respiração ofegante, fez um barulho alto e, de repente, parou.

O remédio em questão contém sulfato de morfina, um opioide utilizado no tratamento de dores intensas que não respondem a analgésicos menos potentes. A morfina atua no sistema nervoso central, e alivia a dor ao se ligar aos receptores no cérebro e na medula espinhal. Dessa maneira, ele é comumente prescrito contra dores intensas e crônicas, como aquelas causadas por câncer, lesões graves ou após cirurgias.

Além disso, segundo a bula do medicamento, ele contém um corante amarelo de tartrazina que pode provocar causar reações de natureza alérgica, entre as quais asma brônquica, especialmente em pessoas alérgicas ao Ácido Acetilsalicílico. Ainda segundo o relatório farmacêutico, o medicamento deve ser administrado sob supervisão médica, porque seu uso abusivo pode levar à dependência.

Se empregado em altas dosagens, pode provocar convulsões, e não deve ser usado junto de álcool e de outras substâncias depressoras como anti-histamínicos e sedativos.

Relembre o caso
No dia 20 de maio, o corpo do empresário Luiz Marcelo Antonio Ormond foi descoberto em seu apartamento, após vizinhos, que não o viam desde o dia 17, desconfiarem e acionarem as autoridades. O cadáver já estava em avançado estado de decomposição, mas uma lesão na cabeça levantou suspeitas de homicídio.

De acordo com a Polícia Civil, a investigação revelou que a namorada de Luiz Marcelo esteve presente no apartamento após sua morte, e contou com a ajuda de uma comparsa, que supostamente trabalhava como cigana. A cúmplice admitiu ter colaborado na eliminação dos pertences da vítima e informou que grande parte de seus rendimentos provinha de pagamentos de uma dívida de Júlia.

A namorada é atualmente considerada fugitiva, com um mandado de prisão em aberto por homicídio qualificado. O caso continua sob investigação pela 25ª DP (Engenho Novo).