CRIME

Suspeita de envenenar namorado teria pedido dinheiro a ele para pagar R$ 2,6 mil com agiota

Cigana apontada como cúmplice de Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita do assassinato, afirmou à polícia ter ouvido dela que doce tinha 50 comprimidos moídos de potente analgésico

Júlia Andrade Cathermol Pimenta é suspeita de ter matado o namorado - Reprodução

Em depoimento à polícia, a cabeleireira Olindina Quitéria Henrique, mais conhecida como Mônica, afirmou que há cerca de dois meses Luiz Marcelo Antônio Ormond, que era seu amigo, contou que havia feito um pagamento de R$ 2,6 mil a um agiota para saldar uma dívida de Júlia Andrade Cathermol Pimenta, sua namorada, que estaria sendo ameaçada de morte. De acordo com a polícia, Julia Pimenta é suspeita de ter matado Luiz Marcelo com um pedaço de brigadeirão envenenado.

Amiga de Luiz Marcelo e dona de um salão em frente ao prédio onde o crime aconteceu, Olindina “Mônica” Henrique, disse aos policiais que, na ocasião, alertou a vítima a “largar este relacionamento porque seria perigoso.

A história sobre a suposta dívida de Júlia com um agiota foi relatada também por outras duas testemunhas. Luciana Graça Vieira Rocha, outra amiga que mantinha contato com Luiz Marcelo, disse aos policiais que “soube pelo próprio Marcelo” do pagamento a “um agiota” que “estaria ameaçando Julia”, mas não sobre dizer exatamente quando isso aconteceu. Já Marcos Antônio de Souza Moura, que afirmou conhecer a vítima desde que era criança, informou que Marcelo disse "que tinha quitado uma dívida de Júlia com um agiota”.

Marcelo e Júlia, ainda segundo depoimentos colhidos pela Polícia Civil, teriam se conhecido há tempos por meio de redes sociais, mas só passaram a viver juntos no apartamento dele, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, há cerca de um mês. Imagens do circuito interno do prédio onde viviam que mostram Luiz Marcelo com o prato onde supostamente estava o brigadeirão envenenado no dia 17 deste mês. Esses são os últimos registros conhecidos dele.

O corpo do empresário foi encontrado no dia 20, três dias depois, após vizinhos se incomodarem com o forte cheiro que vinha do apartamento do casal e acionarem o socorro. A polícia acredita que Júlia tenha convivido com o cadáver durante todo o tempo.

O corpo de Luiz Marcelo foi encontrado na sala do apartamento. Ele estava sentado no sofá e, ao lado, havia cartelas de morfina. Na cabeça do empresário foi encontrada uma lesão, o que fez com que a morte passasse a ser tratada como suspeita. Equipes da 25ª DP fizeram uma perícia no imóvel.

De acordo a cabeleireira Olindina, o empresário apresentava "um comportamento estranho depois que passou a morar com Júlia", com dificuldades para enxergar, tremedeiras e perda de memória.

Ela (Júlia) já estava envenenando ele há tempos. Na última semana, ele estava estranho. Por um momento achei que ele estivesse usando alguma substância porque não parecia normal — afirmou.

A mulher afirma ainda que Júlia Andrade, considerada foragida pela polícia, estava tentando afastar Marcelo dos amigos e parentes.

— Isso deveria ser parte do plano que ela estava arquitetando. Era uma mulher fria. Ninguém aprovava esse relacionamento — disse Olindina.

Uma vizinha que mora ao lado do apartamento e prefere não se identificar contou ao Globo que Marcelo e Júlia "eram discretos com a relação deles". Dias antes de ser encontrado morto, a mulher reclamou do cheiro forte que vinha do apartamento e achou estranho Marcelo ter "desaparecido da vizinhança".

A principal motivação para o crime, de acordo com as investigações, seria financeira: os investigadores acreditam que a namorada queria ficar com os bens da vítima. O Disque Denúncia (21 2253-1177) divulgou um cartaz em que pede informações sobre o paradeiro de Júlia.