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Trump "parecia muito arrasado", diz desenhista de júri que condenou ex-presidente americano

Prática de ilustradores acompanharem julgamentos nos EUA é comum quando a entrada de cinegrafistas e fotógrafos não é permitida

Donald Trump - Reprodução

O ex-presidente americano Donald Trump parecia "arrasado" ao receber a notícia de sua condenação, nesta quinta-feira, durante um júri em Nova York, segundo disse a artista Christine Cornell, que atua há três décadas como desenhista de tribunal.

— Ele parecia muito arrasado com isso. Ele realmente parecia (...) Ao passar por mim, ele começou a balançar os braços no que era uma espécie de gesto desesperado— disse a ilustradora ao site americano Business Insider.
 

Segundo Cornell, que estava sentada logo atrás do promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, ao ouvir a palavra "culpado" pela quinta vez, Trump começou a balançar a cabeça, como se quisesse dizer "não", enquanto seguia sentado ao lado dos advogados de defesa.

— Estávamos em silêncio. Mas todos ficaram um pouco chocados, mesmo que você já esperasse por isso — disse Cornell sobre o momento em que o veredito foi dado — O que me chamou a atenção quando ele saiu é que ele não parecia saber o que fazer com os seus braços.

Ao longo dos seus 30 anos em tribunais, Cornell já desenhou figuras como John Gotti, Bernie Madoff e a ex-primeira-dama das Filipinas Imelda Marcos. A prática de ilustradores acompanharem julgamentos nos EUA é comum quando a entrada de cinegrafistas e fotógrafos não é permitida nas audiências.

— Nunca tive tanta segurança restringindo meus movimentos, até mesmo ir ao banheiro. É muito difícil entrar, sentar e se preparar — disse Jane Rosenberg, outra artista que trabalha no tribunal, ao canal de televisão BBC, ao descrever a rotina nas sessões do caso de Trump.

Trump pode se "autoperdoar" se for eleito?
Depende. O "autoperdão" não se aplica aos casos de Nova York ou da Geórgia, porque o presidente não tem poder de perdão para acusações estaduais.

Apenas com relação às acusações federais, ele poderia tentar se perdoar — ou comutar sua sentença, deixando a condenação em vigor, mas encerrando sua prisão. Qualquer uma dessas ações seria uma afirmação extraordinária do poder presidencial, e a Suprema Corte seria o árbitro final para decidir se um "autoperdão" seria constitucional.

Ou o presidente Joe Biden, ao sair pela porta, poderia perdoar Trump com base no fato de que "o povo se manifestou e eu preciso perdoá-lo para que ele possa governar", disse o professor Chemerinsky.

O Partido Republicano poderia substituí-lo?
Agora que Trump garantiu a maioria dos delegados nas primárias para a convenção republicana, o partido não tem nenhum mecanismo para nomear outra pessoa. De acordo com as regras, se um delegado tentar apoiar alguém que não seja a pessoa a quem os resultados das primárias o vincularam, "esse apoio não será reconhecido".

Os principais republicanos também não demonstraram nenhum interesse em outro candidato.

Trump pode votar se for condenado?
Provavelmente não. Trump está registrado para votar na Flórida e seria impedido de votar lá se fosse condenado por um crime.

A maioria dos criminosos na Flórida recupera o direito de voto depois de cumprir toda a pena, incluindo liberdade condicional ou liberdade provisória, e de pagar todas as multas e taxas. Mas é altamente improvável que Trump, mesmo condenado, cumpra sua sentença antes do dia da eleição.

Ele também poderia solicitar clemência, o que exigiria a aprovação do governador — Ron DeSantis, que concorreu contra Trump nas primárias republicanas — e de dois membros do Gabinete da Flórida.

Como Trump também tem residência em Nova York, ele poderia mudar seu registro eleitoral para lá para aproveitar a abordagem mais permissiva: os presidiários em Nova York podem votar enquanto estiverem em liberdade condicional. Mas, como na Flórida e em quase todos os outros estados, eles ainda não podem votar enquanto estiverem na prisão.

Portanto, se Trump for preso, ele poderá se encontrar na extraordinária posição de ser considerado apto a ser votado, mas inapto a votar.