Jovem suspeita de ter envenenado namorado pagou por "limpeza espiritual", diz cigana
Segundo Suyany Breschak, suspeita de ter ajudado no crime, Júlia Cathermol tinha uma dívida de R$ 400 mil por trabalhos já realizados
A psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, suspeita de envenenar o namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, tinha medo que sua mãe descobrisse que ela fazia programas.
Por isso, costumava pagar a cigana Suyany Breschak por trabalhos de 'limpeza espiritual'. O Fantástico, programa da TV Globo, teve acesso ao depoimento de Suyany, em que ela revela o temor de Júlia. A cigana está presa por suspeita de participação no crime. Já a psicóloga, que teve a prisão decretada pela Justiça, continua foragida.
"Ela pedia para mim sempre banho, limpeza, descarrego para a mãe não descobrir que ela estava fazendo programa" conta Suyane. Ela relata ainda que, da dívida de R$ 600 mil, Júlia já tinha quitado cerca de R$ 200 mil.
"Hoje em dia tá batendo 400 mil (reais)" - afirma ao delegado.
Numa postagem feita numa rede social em 2018, a mãe de Júlia define a filha como “um ser de luz”. O post de Carla Cathermol foi feito em abril, em homenagem ao aniversário da filha.
Na publicação, a mulher destaca que a filha “brilha tanto” e deseja que ela tenha “sempre ao lado alguém do bem”:
“Difícil achar palavras para a aniversariante do dia! Um ser de luz, que brilha tanto... Eu poderia ficar o dia inteirinho falando das qualidades, mas vou me apegar ao que te desejo. Suas qualidades todo mundo sabe, basta olhar para você! Desejo que tenha para viver muita paz no dia a dia, pois são eles que ditam nosso estado de espírito. Que você tenha sempre ao lado alguém do bem, assim como é”, escreveu Carla.
Por fim, a mãe afirma que estará sempre com Júlia. “Almejo que seus dias e sua vida sejam floridos e radiantes como ti. Que nunca lhe falte nada e que a felicidade e sucesso."
Segundo Suyane, Julia admitiu que matou o namorado e ainda deu detalhes à cúmplice sobre a reação de Luiz Marcelo, depois de ingerir o brigadeirão com mais de 60 comprimidos de um potente analgésico a base de morfina.
"Não to mais aguentando esse porco, esse nojento" teria dito a jovem para a cigana. Suyane contou ainda que Júlia foi a Araruama, no dia 18 de maio, entregar a ela o carro de Luiz Marcelo como pagamento de parte de sua dívida.
"Ela (Júlia) me falou: Esse carro era dele (Luiz Marcelo). Ele me deu. Eu tô te dando ele por setenta e cinco mil pra ir descontando da nossa dívida" - contou Suyane à polícia.
A cigana explicou que o Honda CRV foi entregue a um homem identificado apenas como Vitor, que seria ex-namorado da cigana. O depoimento conta que Vitor sabia que o carro estava envolvido com um possível homicídio, mas aceitou receber o veículo que era de Luiz Marcelo como parte da dívida entre Júlia e Suyany. O carro iria representar um abatimento de R$ 75 mil no valor total da dívida.
A Suyany também relatou que o carro ficou com Vitor porque ele fazia ameaças contra ela por conta de uma dívida. Vitor foi preso por receptação quando a polícia o encontrou com o carro, o celular e um computador do empresário.
Abordado pelos policiais, o homem que estava na posse do carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. A investigação aponta que os bens seriam vendidos em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
À polícia, Júlia prestou depoimento e contou, em tom de deboche, sobre o fato de ter sido presenteada por Luiz Marcelo, no Dia das Mães.
"Ah, me comprou buquê. Não sou mãe, não, não tem nem que comprar nada, que não sou tua mãe" disse Júlia ao namorado. Ela ainda disse à polícia que Luiz estava cansado e estressado. E que costumava 'apagar' na sala depois do almoço.
Júlia disse ainda que teria dito ao namorado que já não aguentava viver daquele jeito.
"Eu percebi que estava cansado, muito cansado, muito estressado. E ele quando voltava do almoço, ele apagava e a gente ficava na sala". Segundo Júlia, o motivo do aborrecimento de Luiz estava relacionado à venda de um estacionamento.
"Eu falei com ele: não aguento mais te ver assim. Não aguento mais viver assim".
Júlia alegou à polícia que no dia que saiu da casa do namorado, os dois tiveram uma briga porque, segundo a psicóloga, ela descobriu que ela tinha um perfil falso numa rede social, através do qual se comunicava com prostitutas.
Em entrevista ao Fantástico, o delegado que investiga o caso, Marcos Busse, afirmou que o crime foi motivado por questões econômicas.
- Nós temos elementos que a Júlia estava em processo de formalização de uma união estável com a vítima. Mas, em determinado momento, o que nos parece, é que a vítima desistiu da formalização da união. Então isso até robustece a hipótese de homicídio e não de um latrocínio, puro e simples, porque o plano inicial me parecia ser realmente eliminar a vítima depois que essa união estável estivesse formalizada.