Orquestra sinfônica infantil vira esperança na vida de jovens na Costa do Marfim; conheça
O projeto oi criado para ajudar crianças da zona rural e chegaram a se apresentar para o presidente do país
Centenas de quilômetros distante da agitada metrópole de Abidjan, a cidade rural de Odienne, na Costa do Marfim, depende muito da agricultura, às vezes envolvendo trabalho infantil. A pobreza e o alto desemprego tornam o futuro incerto para muitos jovens da região. Por esse motivo, a orquestra filarmônica da Costa do Marfim se torna uma forma de "recuperar a autoconfiança" dos jovens, mesmo sendo um "projeto louco", de acordo com o maestro Dabrice Kofi.
O grupo reúne cerca de 140 jovens entre seis e 16 anos para fomentar o interesse pela música, praticando por horas instrumentos tradicionais como o balafom, um tipo de xilofone, e tambores djembe.
No meio do burburinho das conversas das crianças, a habilidosa Leila Coulibaly, de nove anos, ajusta com destreza seu violino antes de um ensaio da primeira orquestra filarmônica da Costa do Marfim. Ela é uma entre as quase 140 crianças que compõem o grupo sediado na cidade rural do norte de Odienne. Eles se reúnem como uma orquestra uma vez por semana, mas todos os dias alguns jovens são buscados por uma van e levados para ensaiar em um hotel.
"Quero ser músico profissional porque a orquestra mudou minha vida", disse Leila à AFP.
Em temperaturas de 35 graus Celsius, o trombonista Siaka Sy Savane, de 15 anos, fica atrás dos estandes sombreados de um mercado. Desde o amanhecer "de segunda a sexta-feira, venho ajudar minha mãe no mercado. Sábado e domingo, vou com meu irmão mais velho para o campo", disse ele. "Quando canto a música da orquestra, não me sinto mais cansado, isso me motiva. Desde que era jovem, sonhava em ser músico", contou, acrescentando: "Hoje, meu sonho se tornou realidade."
Em agosto passado, menos de um ano depois que a orquestra foi criada, as crianças tocaram para o presidente marfinense Alassane Ouattara, no aniversário da independência da França. Apesar de errarem algumas notas, eles tocam com facilidade a "Marcha dos Sacerdotes" de Mozart, da "Flauta Mágica", ou o "Coup du Marteau", que se tornou um sucesso durante a Copa das Nações Africanas de 2024.
A canção do músico Tam Sir foi interpretada pela orquestra na cerimônia de encerramento da competição de futebol, que a Costa do Marfim venceu.
"Eu gostei de tocar na frente de todas aquelas pessoas. Eu estava com muito medo", mas "recuperei minha autoconfiança", disse a violinista Leila.