CASO MARIELLE

Crivella pede para visitar delegado que pediu "pelo amor de Deus" para ser ouvido por Moraes

Requerimento para visitação foi submetido ao ministro, relator do caso no STF

Marcelo Crivella, autor da PEC - Fernando Frazão/Agência Brasil

O deputado federal e ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), pediu para visitar na cadeia, em Brasília, o delegado Rivaldo Barbosa, preso desde março por envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Gomes. O pedido foi submetido ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). As informações foram divulgadas pelo Valor Econômico nesta segunda-feira. No mesmo dia, o policial prestou depoimento à Polícia Federal. Em bilhete, ele fez uma “súplica” para ser ouvido “pelo amor de Deus”

Segundo o ofício que o Valor Econômico teve acesso, a Secretaria Nacional de Políticas Penais, ligada ao Ministério da Justiça, afirma que Rivaldo está detido na Penitenciária Federal de Brasília, onde as regras de visitação são mais restritas. Assim, esses detentos podem receber visitas do cônjuge e outros parentes, além de cadastrar um amigo. De acordo com o Valor Econômico, o delegado já possui essa pessoa cadastrada.

O pedido de Crivella pode ser atendido, mas a decisão caberia a Moraes.

"Diante da particularidade do caso, que envolve investigação de crime de repercussão nacional e por versar sobre solicitação oriunda de representante da Câmara dos Deputados, submeto, com a devida vênia, à apreciação de Vossa Excelência visando proferir despacho/decisão quanto à possibilidade de realização da visita", diz trecho do documento o qual o Valor Econômico teve acesso.

Em nota enviada à TV Globo, Crivella disse que o delegado visitava a igreja dele e que quer fazer uma oração com ele. Crivella era prefeito do Rio quando Marielle foi assassinada, em 14 de março de 2018.

Rivaldo, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, está preso desde o dia 24 de março sob a acusação de ter planejado o homicídio da vereadora Marielle Franco e atuado para proteger os mandantes do crime.

Além do delegado, foram alvos dos mandados de prisão preventiva cumpridos em 24 de março o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). No último dia 10, eles foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Todos os envolvidos negam os crimes.

Em seu depoimento à PF, nesta segunda-feira, o delegado Rivaldo Barbosa disse que Ronnie Lessa o acusou de ser um dos mandantes do crime para "dar credibilidade" à sua delação premiada "em razão da imponência do seu nome", publicou o colunista Lauro Jardim.

Rivaldo Barbosa ainda negou ter planejado o homicídio da vereadora e atuado para proteger os supostos mandantes do crime, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, dos quais afirmou desconhecer.