EUA

Biden diz que "há todas as razões" para acreditar que Netanyahu está prolongando guerra em Gaza

Declaração do presidente dos EUA ocorreu durante entrevista à revista americana, na qual ressaltou um "grande desacordo" com o premier sobre o pós do conflito e a sua condução

Benjamin Netanyahu (à esq.), cumprimenta Joe Biden em sua chegada ao aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv - Brendan Smialowski/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não negou que talvez o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estivesse prolongando a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza em um esforço para manter-se no poder. A declaração teria ocorreu em entrevista à revista americana Time, publicada nesta terça-feira. Ao ser questionado se o premier israelense estaria prolongando o conflito por suas próprias razões políticas, Biden afirmou: "Há todas as razões para as pessoas tirarem essa conclusão".

A resposta do democrata, que tentará a reeleição em novembro e cujas relações com Netanyahu são notoriamente complicadas, salienta a tensão nos últimos meses entre a Casa Branca e seu principal aliado no Oriente Médio. Biden ressaltou que teve um "grande desacordo" com o premier por divergências no pós-guerra e considerou que Israel se comportou "inadequadamente" durante o conflito, desencadeado após um ataque do grupo islamista palestino Hamas em 7 de outubro.

A entrevista à Time ocorreu antes do anúncio de Biden de uma proposta apresentada para um cessar-fogo em Gaza e que recebeu uma reação fria de Netanyahu, bem como ameaças de renúncias em seu governo. Ao ser questionado se acreditava que o primeiro-ministro israelense estava prolongando a guerra para seu próprio benefício, o presidente americano respondeu "sim".

Biden reconheceu que a principal divergência com o governo israelense era a necessidade da criação de um Estado palestino. "Meu grande desacordo com Netanyahu é o que acontecerá depois... do fim de [um conflito em] Gaza. A que situação [o território palestino] retornará? As forças israelenses retornarão para lá?", questionou, declarando: "Bem, a resposta é que se este for o caso, não pode funcionar".

Por outro lado, o líder democrata mencionou a invasão russa da Ucrânia, país ao qual tem prestado apoio militar contínuo e que se tornou uma das linhas constantes da sua política externa. Segundo Biden, o seu governo está melhor posicionado do que o do republicano Donald Trump para manter essa assistência à defesa face ao avanço militar de Moscou, alegando que o Exército russo foi "dizimado" no terreno. "Paz significa garantir que a Rússia nunca, jamais ocupe a Ucrânia", disse.

Ele também criticou seu antecessor republicano, que ameaçou desfazer as tradicionais alianças americanas no exterior e destacou que teve contatos com líderes autoritários durante seu mandato (2017-2021). "Todos os maus (governantes estrangeiros) apoiam Trump", disse Biden, que em novembro voltará a enfrentar nas urnas o magnata republicano, que até hoje não aceita a sua derrota nas eleições de 2020.