Caso do brigadeirão

Saiba quem é a "cigana" apontada pela polícia como mandante do assassinato de empresário

Presa desde 28 de maio, em depoimento, Suyany Breschak falou de comprimidos em doce e de dívida de R$ 600 mil de namorada da vítima

Suyany Breschak, que se apresenta como cigana, foi presa por suspeita de envolvimento no assassinato do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond - Reprodução

Uma das personagens na trama da morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, agora passa a ser apontada pela polícia como mandante do assassinato: Suyany Breschak, que se diz cigana e prestava orientação espiritual à namorada da vítima, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos. A mulher, presa desde 28 de maio, é apontada como comparsa de Júlia, que se entregou no fim de noite desta terça-feira após uma semana foragida.

Suyany é quem contou, em depoimento, infomrações de como o crime teria sido realizado. Um dos principais pontos foi de que Júlia teria colocado 50 comprimidos de um forte analgésico com morfina em um brigadeirão “envenenado”.

O doce estaria no prato que Luiz Marcelo carrega quando é visto pela última vez no prédio em que morava, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, em 17 de maio, quando estava acompanhado da namorada. O corpo do empresário foi encontrado no apartamento três dias depois, período em que Júlia continuava a frequentar o imóvel.

No curso das investigações, o delegado Marcos Buss, titular da 25ª DP, disse que há indícios de que Suyany tinha conhecimento “antes, durante e depois” da execução do crime. Para a polícia, ela orquestrou todo o crime, incluindo a dosagem de analgésicos que levou o empresário à morte.

Em depoimento, Suyany contou que Júlia é uma cliente antiga, a quem fazia trabalhos de limpeza, descarrego e banhos. A “cigana” aguardava o pagamento de uma dívida de R$ 600 mil de Júlia, que já havia quitado R$ 200 mil. O delegado afirmou que Suyany foi a destinatária de todos os bens furtados e roubados de Luiz Marcelo, que incluem um carro avaliado em R$ 75 mil, entregue por Júlia à suposta cigana após o crime.

"Vai comer na palma da sua mão"
Suyany Breschak se apresenta como "cigana" nas redes sociais. Nos perfis do Instagram e do X, antigo Twitter, ela ensina a fazer simpatias amorosas, de compra e venda de casa, de oportunidades no trabalho, compartilha superstições e divulga alguns trabalhos, que, segundo ela, podem ser "caríssimos" a depender do cliente. Somando as duas redes, ela tem mais de 400 mil seguidores.

O Instagram de Suyany é repleto de vídeos curtos com ensinamentos sobre simpatias, principalmente amorosas. Em uma publicação do 17 de janeiro, ela explica como fazer o homem amado "comer na palma da sua mão feito um cordeirinho".

Ela enfatiza que a pessoa só deve fazer a simpatia se for corresponder ao amor da pessoa, e não por vingança.

A simpatia é "simples e fácil", como narra. Por sete dias, a pessoa precisa escrever o nome do amado no espelho. Ao final, ele vai estar "bem mansinho só para você".

Dívida de R$ 600 mil por trabalhos espirituais
Em depoimento à polícia, a suposta cigana disse ter realizado diversos trabalhos espirituais para Júlia. O "Fantástico", da Rede Globo, revelou trechos do depoimento da profissional:

"Ela pedia para mim sempre banho, limpeza, descarrego para a mãe não descobrir que ela estava fazendo programa". Os trabalhos, segundo ela, geraram uma dívida de R$ 600 mil, dos quais Júlia já havia pagado R$ 200 mil.

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Acusada pelo ex-marido de sequestro e furto
Orlando Ianovich Neto compareceu à 25ª DP, no último dia 3, de forma voluntária para prestar depoimento contra Suyany Breschak, com quem foi casado por 14 anos. À polícia, ele afirmou ter sido vítima da ex-companheira de uma tentativa de sequestro, em 2022, e de furto, em 2023.

Orlando, assim como Suyany, se apresenta como cigano e dá dicas de simpatia nas redes sociais. No Instagram, onde acumula mais de 100 mil seguidores, ele divulga a realização de trabalhos espirituais e comenta a vida de subcelebridades, como os participantes do BBB. Juntos, os dois são responsáveis por dois filhos, de 8 e de 4 anos.

Na delegacia, Orlando chegou segurando pastas com documentos contra Suyany, afirmando que ela é "perigosa". Entre eles, apresentou um registro de ocorrência de tentativa de sequestro, em 2022, na delegacia de Uberlândia, Minas Gerais.

Orlando narra que estava dirigindo pela rodovia BR-050, na companhia de uma namorada, quando pararam em um posto de gasolina para lanchar. Nesse momento, homens teriam entrado no estabelecimento com uma faca e um porrete de madeira, e roubaram joias de ouro do "cigano".

Depois, teriam obrigado o casal a entrar em um carro com destino a uma casa de reabilitação para usuários de droga.

Um dos envolvidos na suposta tentativa de sequestro afirmou ter recebido pagamento de uma "ex-mulher" de Orlando para interná-lo. Segundo ele, a orientação era para a internação de "pessoas perigosas e que andariam armadas".

Já no ano seguinte, Orlando registrou uma ocorrência de furto de uma caminhonete ranger modelo 2021. Suyany teria conseguido passar o veículo para o nome dela e, posteriormente, tentou vendê-la.