RIO DE JANEIRO

Caso do brigadeirão: suspeita de matar empresário se escondeu em hotel no Centro do Rio

A psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta foi filmada pelas câmeras de segurança do estabelecimento onde ficou entre os dias 28 de maio e 4 de junho

Julia, de máscara, na recepção do hotel onde se hospedou - Reprodução/TV Globo

Suspeita de matar o namorado com um doce envenenado, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, passou oito dias escondida num hotel, em pleno Centro do Rio, enquanto era procurada pela polícia.

Imagens obtidas pelo RJTV, da TV Globo, mostram imagens de Julia na recepção do hotel onde deu entrada ao meio-dia de 28 de maio. Aos funcionários do estabelecimento ela teria fornecido o nome falso de Lilia Mara Shineider.

Julia permaneceu no local até a última terça-feira, quando se entregou à polícia após deixar o hotel cuja conta foi paga usando um cartão.

 

Durante o tempo em que ficou no hotel, Julia teria permanecido a maior arte do tempo dentro do quarto. Nos momentos em que circula pelas áreas comuns, a mulher usa uma máscara cirúrgica que esconde seu rosto. Pelas imagens, no entanto, é possível ver que a blusa que ela veste é a mesma com a qual se entregou aos policiais. Na delegacia, Julia se manteve em silêncio.

Em depoimento à polícia, na noite de terça-feira, a mãe e o padrasto de Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, afirmaram que ela lhes confessou ter matado o namorado Luiz Marcelo Antônio Ormond. O corpo do empresário foi encontrado em avançado estado de decomposição no dia 20 de maio, sentado no sofá do apartamento onde morava com Júlia, no Engenho Novo, Zona Norte.

A psicóloga se entregou na 25ªDP às 23h30 de terça-feira, na companhia da advogada. Ela era procurada pela polícia desde o dia 28 de maio, quando foi expedido o mandado de prisão, mesma data em que deu entrada no hotel onde ficou escondida no Centro.

Segundo os agentes, Júlia teria envenenado o namorado Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, com um brigadeirão no dia 17 de maio, e conviveu com o cadáver por três dias à espera da entrega de um cartão de conta conjunta. Em um primeiro depoimento na delegacia, realizado no dia 22 de maio, Júlia afirmou ter deixado o cartão no apartamento, dizendo que sequer o ativou.

Além de Júlia, Suyany Breschak, que se apresenta como cigana, também está presa, suspeita de ser cúmplice. Ela afirmou fazer trabalhos espirituais para Júlia, que tinha uma dívida com ela de cerca de R$ 600 mil. Para quitar parte do valor, a mulher entregou o carro de Luiz Marcelo a Suyany, avaliado em R$ 75 mil. O veículo ainda não foi localizado pela polícia.

Casaco de capuz e máscara
Júlia entrou na 25ª DP com a cabeça baixa, de capuz cinza e máscara no rosto. Por debaixo do casaco vestia a mesma camisa usada quando as câmeras do hotel registraram seus passos na recepção e também no momento em que ela deixa o local para se entregar, carregando um saco nas mãos.

Ela não quis falar com a imprensa. A suspeita estava acompanhada da advogada Hortência Menezes e do delegado Marcos André Buss. O encontro foi negociado com a polícia, enquanto a mãe e o padrasto de Júlia prestavam depoimento.

— Foi por isso que trouxemos a mãe e o padrasto dela (para a delegacia). Imaginamos que iria ajudar na negociação para ela se entregar — afirmou o investigador.

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Vídeo mostra empresário vivo pela última vez
Luiz Marcelo foi visto com vida pela última vez em 17 de maio deste ano no elevador do prédio onde morava, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. Nos dias seguintes, apenas Júlia era vista no prédio. Ela usou o carro do namorado, foi à academia do condomínio para fazer exercícios e, ao receber um cartão de conta conjunta aberta com Luiz Marcelo, deixou o local levando uma mala e uma mochila.

O corpo de Luiz Marcelo foi encontrado no sofá de seu apartamento, após os vizinhos acionarem a administração do prédio, porque estavam incomodados com o forte cheiro. A porta foi arrombada, e o corpo foi encontrado em adiantado estado de decomposição. A polícia acredita que ele havia morrido na sexta-feira anterior, três dias antes. Durante todo esse tempo, segundo os investigadores, Júlia conviveu com o cadáver do namorado em casa como se nada tivesse acontecido.