NEGÓCIOS

Startup de jovens brasileiros levanta mais de R$ 110 milhões em rodada de investimento nos EUA

Startup Kanastra cresceu dez vezes no ano passado

Os fundadores da Kanastra, Manuel Netto, à esquerda, e Gustavo Mapeli - Divulgação

A Kanastra, uma startup brasileira que fornece tecnologia de back-office para fundos de títulos lastreados em ativos, levantou mais de R$ 110 milhões em uma rodada da Série A liderada pela Kaszek, a maior empresa de capital de risco da América Latina.

A rodada segue um investimento inicial de quase R$ 70 milhões liderado pela Valor Capital, juntamente com a Quona Capital e a QED Investors.

A Kanastra cresceu 10 vezes no último ano e está lutando para ser o produto principal para o mercado de fundos e títulos lastreados em ativos de 1 trilhão de reais no Brasil, disse o co-fundador e CEO Gustavo Mapeli em uma entrevista.

Depois de administrar seu próprio gestor de ativos com o sócio Manuel Netto e ficar frustrado com o serviço e os produtos ruins para estruturar negócios, eles começaram a construir sua própria empresa de tecnologia.

 

— Fizemos um diagnóstico rápido e ligamos para alguns investidores institucionais e perguntamos o que eles achavam e eles disseram: 'Pelo amor de Deus, por favor, construa mais'. Percebemos que estávamos enfrentando uma oportunidade muito maior com obstáculos reais e um negócio escalável — disse Mapeli.

O crescimento dos títulos lastreados em ativos - especialmente dos fundos de dívida conhecidos como FIDCs - explodiu recentemente no Brasil. A Kanastra ajudou a estruturar 130 veículos no valor de cerca de 7 bilhões de reais para clientes como Itaú, XP, Banco Votorantim e Patria, disse Mapeli.

Fundada em 2022, a Kanastra combina a plataforma de tecnologia com licenças regulatórias, fornecendo automação de operações, bem como ferramentas de dados e análises. A empresa, com cerca de 100 funcionários, também oferece serviços bancários como contas de garantia e pagamentos.

Embora haja concorrentes, nenhum oferece todos os serviços que a Kanastra oferece, disse Mapeli. A receita é gerada por meio da cobrança de pontos-base sobre o montante sob gestão em uma base mensal recorrente durante a vida do produto.

O investimento da Kaszek foi o primeiro de um fundo de quase R$ 6 bilhões que levantou no ano passado para empresas de tecnologia da América Latina.

Mapeli, 29 anos, que assim como seu co-fundador Netto é de Uberlândia, Minas Gerais, estudou na Universidade de Oxford e trabalhou no BNP Paribas SA antes de retornar ao Brasil para trabalhar com o Boston Consulting Group. Ele também passou um ano no SoftBank Group Corp.

— Temos uma regulamentação de primeira linha para a indústria e um pool doméstico de capital muito forte. Os FIDCs continuam a crescer. Tem crescido a 25% nos últimos 15 anos e todos pensavam que com taxas de juros mais altas isso desaceleraria, mas isso não aconteceu. — disse Mapeli.