Veja como votaram os deputados em sessão do Conselho de Ética que absolveu Janones
Parlamentares aprovaram parecer do relator; fim da audiência no Conselho de Ética teve xingamentos e ameaças
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira o arquivamento do processo de cassação aberto contra o deputado federal André Janones (Avante-MG), acusado de um suposto esquema de "rachadinha" em seu gabinete.
O placar da votação ficou em 12 a 5 pela aprovação do parecer do relator, deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que votou pelo arquivamento do pedido de cassação.
A representação contra Janones foi apresentada após dois ex-assessores do parlamentar afirmarem que ele cobrava funcionários lotados em seu gabinete na Câmara a repassar parte dos seus salários. O caso é investigado pela Polícia Federal.
Veja como votou cada parlamentar
Albuquerque (Republicanos-RR) - Sim
Ana Paula Lima (PT-SC) - Sim
Guilherme Boulos (Psol-SP) - Sim
Jack Rocha (PT-ES) - Sim
Jilmar Tatto (PT-SP) - Sim
João Leão (PP-BA) - Sim
Julio Arcoverde (PP-PI) - Sim
Junior Lourenço (PL-MA) - Sim
Márcio Marinho (Republicanos-BA) - Sim
Paulo Magalhães (PSD-BA) - Sim
Ricardo Maia (MDB - BA) - Sim
Sidney Leite (PSD-AM) - Sim
Bruno Ganem (Podemos-SP) - Não
Delegado Ramagem (PL-RJ) - Não
Domingos Sávio (PL-MG) - Não
Marcos Pollon (PL-MS) - Não
Cabo Gilberto Silva (PL-PB) - Não
A sessão terminou em bate-boca. Deputados bolsonaristas, incluindo Nikolas Ferreira (PL-MG), cercaram Janones aos gritos de "rachadinha". Em meio ao tumulto, houve também ameaças de agressão: Janones chamou Nikolas para resolver "lá fora". Ambos partiram um para cima do outro e foram separados por seguranças da Câmara e outros parlamentares.
Vídeos nas redes sociais mostram que a confusão se alastrou pelos corredores, com novos xingamentos e ameaças de agressão.
— Só nós dois, moleque golpista. Quebro a sua cara com um soco — disse Janones
— Bate, rachadinha — retrucou Nikolas.
No X, Nikolas afirmou que Janones fez xingamentos contra ele, a família e a honra. "Provoca, chama para a briga e quer que a gente fique calmo? NInguém é de ferro", escreveu. Também na plataforma, Janones chamou o adversário de "frouxo".
Votação
No relatório, Boulos alega que as acusações contra Janones são anteriores ao exercício do mandato dele, que se iniciou em 2023. Segundo o pré-candidato à prefeitura de São Paulo, as suspeitas já eram de conhecimento público desde 2022.
“Não há justa causa, pois não há decoro parlamentar, se não havia mandato à época — o que foge do escopo, portanto, do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar — o mesmo caso visto agora”, escreveu o deputado.
Nesta quarta, Boulos voltou a argumentar que a discussão deve ser em torno do período em que o fato ocorreu.
— Nós não estamos aqui discutindo o mérito de rachadinha. Essa não é a discussão que o relatório faz e esse conselho está fazendo, essa é a discussão que a Justiça fará, e deve fazer — argumentou Boulos.
Janones também se defendeu das acusações aos seus colegas parlamentares.
— Abri mão do meu sigilo bancário, não tenho casa de R$ 14 milhões, não tenho loja de chocolate, não tenho nenhum patrimônio, que reduziu desde 2022. Então não teve nenhuma prova material — afirmou.
Confusão
A sessão ficou marcada por tumultos e presença de parlamantares bolsonaristas, que discursaram contra Janones e Boulos, fazendo referência ao apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à pré--candidatura do deputado federal à prefeitura de São Paulo.
O coach Pablo Marçal, pré-candidato à prefeitura de São Paulo, foi levado à sessão desta quarta por parlamentares bolsonaristas. Boulos protestou contra a presença de Marçal e o acusou de "vender" a candidatura para o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
— Trouxeram até coach picareta para vir tentar tumultuar a sessão, que eu espero, não sei se ainda está aqui o coach picareta, eu espero muito que não venda a candidatura para o prefeito Ricardo Nunes. Vá até o fim que eu quero te enfrentar nos debates — disparou Boulos.
Ao ouvir as acusações, o coach, que se filmava com um celular no momento, se levantou a protestou contra as declarações de Boulos.
— Não venda sua candidatura para o prefeito Ricardo Nunes porque tem gente falando que você já está vendendo — completou Boulos.