Caso brigadeirão: saiba quem é Júlia Pimenta, suspeita de matar namorado envenenado
Durante o depoimento prestado no dia 22 de maio, Júlia chegou a rir ao falar dos últimos dias de vida de Luiz Marcelo
Acusada de ter envenenado o namorado Luiz Marcelo Ormond, de 44 anos, com um brigadeirão com remédios, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, se entregou à polícia na noite da última terça-feira, na 25ª DP (Engenho Novo).
Com registro profissional no Cadastro Nacional de Psicólogos desde agosto de 2021, no primeiro depoimento Júlia afirmou que atuou na profissão através de consultas on-line. Quando começou a morar junto com a vítima em abril, um mês antes do crime, ela teria deixado de trabalhar.
Em depoimento à polícia, na última terça-feira, o padrasto Marino Bastos, de 74 anos, contou que Júlia não tinha contato e nem afeto com o pai biológico. Por isso, ele considera Júlia como sendo sua filha.
O padrasto afirmou também que ele pagava um curso de pós-graduação em psicologia para Júlia. Ela teria ainda pedido o valor de R$ 100 mil emprestado para “um investimento em fundo, apresentando uma planilha de investimento”.
Segundo a declaração do padrasto, Júlia e o namorado Jean Cavalcante, que não sabia do outro relacionamento dela com Luiz Marcelo, estavam planejando casar. Os dois estavam juntos há dois anos e meio. Ela se relacionava bem com a família do rapaz e “todos aguardavam a compra de um apartamento para o casal para que o casamento fosse celebrado”.
Em abril de 2018, Carla fez um post em homenagem ao aniversário da filha a descrevendo como “um ser de luz”. E finalizou desejando que “ela tivesse sempre alguém do bem ao lado, assim como ela é”.
Risos em depoimento
Durante o depoimento prestado no dia 22 de maio, Júlia chegou a rir ao falar dos últimos dias de vida de Luiz Marcelo:
"Eu estava percebendo que ele estava muito cansado. Ele não queria fazer nada. (...) Teve um dia que a gente estava na sala e ele foi na cozinha. Eu ouvi aquele estalo de remédio. Eu perguntei 'tá tomando remédio?' e ele disse 'não'. Aí depois ele abriu a geladeira e bebeu água. E eu não falei nada. Falei 'p****, que esculacho, né?'. E, mesmo assim, nada. Eu brinquei e falei 'pô, você não está gostando mais de mim, né? Porque não é possível'".
Outra situação que os investigadores apontam como sendo de extrema frieza foi o fato de, em 19 de maio, dois dias depois de Luiz Marcelo ser visto vivo pela última vez, Júlia ser filmada num elevador do prédio onde o casal morava preparada para praticar exercícios. em seguida, a psicóloga aparece em imagens na academia do edifício.
Horas antes de o corpo do empresário ser encontrado, mais um flagrante que fez a polícia apontar frieza na ação da suspeita: Júlia entra no elevador com dois celulares. Um deles, para os investigadores, era de Luiz Marcelo.
Ela teria usado o aparelho para mandar mensagens se passando pelo namorado para não levantar suspeitas. Uma amiga do empresário afirmou, em depoimento, ter recebido uma mensagem que tem certeza não ter sido enviada por ele.
Dívida de R$ 600 mil
Também presa durante a investigação do caso, em depoimento, Suyany Breschak, que se apresenta como cigana e conselheira espiritual de Júlia, afirmou que a psicóloga lhe deve R$ 600 mil por trabalhos de “limpeza espiritual”.
Ela afirmou ainda que esse valor vinha sendo pago em parcelas mensais de R$5 mil por meio de depósitos bancários há de cerca de cinco anos. Suyany é suspeita de ter sido cúmplice no assassinato de Luiz Marcelo.
Foi a mulher que contou à polícia que ouviu de Júlia a afirmação de que havia feito dois brigadeirões, doce preferido do empresário, e que havia colocado os comprimidos de anestésico num deles. A partir daí a polícia passou a investigar essa hipótese. O laudo que indicará a causa da morte de Luiz Marcelo ainda não ficou pronto.
Garota de programa
Suyany revelou ainda à policia que Júlia tinha medo que sua mãe descobrisse que ela fazia programas. Por isso, costumava pagar à mulher pelos trabalhos de "limpeza espiritual". O Fantástico, da TV Globo, teve acesso ao depoimento de Suyany, em que ela revela o temor da psicóloga.
"Ela pedia para mim sempre banho, limpeza, descarrego para a mãe não descobrir que ela estava fazendo programa" contou a mulher.
Ela relata ainda que, da dívida de R$ 600 mil, Júlia já tinha quitado cerca de R$ 200 mil.
Vida dupla
Suyany Breschak contou ainda que Júlia levava uma vida dupla: nos fins de semana ficava com seu namorado Jean e durante a semana se dividia entre Luiz Marcelo e eventuais atendimentos como garota de programa. Segundo Breschak, o empresário sabia da profissão de Júlia.
Já Jean, ainda de acordo com o relato de Suyany, desconhecia que Júlia era garota de programa e também o relacionamento dela com Luiz Marcelo.