GUERRA

Ucrânia ordena a retirada de menores da região de Donetsk

Desde o início da guerra, Kiev acusa Moscou de 'sequestrar' crianças ucranianas, uma alegação que motivou pedido de prisão contra Vladimir Putin pelo TPI

Guerra na Ucrânia se arrasta há anos - Anatolii Stepanov/AFP

O governo da Ucrânia ordenou que menores e seus responsáveis sejam retirados de áreas da região de Donetsk, em meio à intensificação dos combates com as forças russas, que nas últimas semanas consolidaram posições e tentam conquistar novas áreas.

A medida reitera uma ordem emitida pelo presidente Volodymyr Zelensky nos primeiros dias de guerra, em fevereiro de 2022, mas que não foi cumprida por todos os moradores.

"Esta é uma decisão importante que visa principalmente salvar as vidas das nossas crianças", disse o governador de Donetsk, Vadim Filashkin, nas redes sociais."A situação de segurança na região se deteriora constantemente e a intensidade dos bombardeios aumenta."

Se aproveitando de um momento de relativa fragilidade das forças ucranianas, que enfrentam problemas para repor as tropas e equipamentos militares cedidos pelo Ocidente, os russos avançaram não apenas em Donetsk.

Os militares também marcaram presença em áreas próximas a Kharkiv, segunda maior cidade do país e que ficou perto de cair no início da guerra.

Apesar de conseguirem conter a ofensiva em pontos cruciais, como nos arredores de Kharkiv, Zelensky tem feito cobranças insistentes aos aliados ocidentais, em especial os EUA, para que enviem armas, munições e aeronaves.

Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, algumas tropas começaram a receber munições de artilharia, mas em número muito aquém do necessário para conter os russos no médio prazo.

Citando a agência de inteligência militar ucraniana, o jornal Liga disse que hoje há cerca de 550 mil militares e paramilitares russos dentro das áreas ocupadas e na fronteira com a Ucrânia.

Ao emitir a determinação centrada nas crianças e seus responsáveis, o governo da Ucrânia ressalta uma outra preocupação: a “deportação” de crianças ucranianas para a Rússia.

A ação é considerada ilegal por Kiev e motivou o pedido de prisão emitido contra o presidente Vladmir Putin e a responsável por políticas para a infância da Rússia, Maria Lvova-Belova, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em 2023.

Segundo números da ONU, 650 crianças morreram e 1,3 mil ficaram feridas desde o início da invasão.

Segundo a Ucrânia, cerca de 19 mil crianças foram levadas ilegalmente para a Rússia desde fevereiro de 2022, sendo que apenas 400 teriam retornado. Nos últimos meses, em uma rara interação entre os dois governos, mediada pelo Catar, os países realizaram ao menos duas trocas de menores de idade.

A Rússia nega as acusações, e afirma que levou as crianças para seu território como forma de protegê-las dos combates — em relatório divulgado em julho do ano passado, Lvova-Belova afirma que 700 mil menores de idade deixaram a Ucrânia em direção à Rússia desde 2022, mas diz que não houve qualquer tipo de deportação forçada.