Caso Marielle: em texto a mão, Lessa afirmou que Rivaldo era "guru" de irmãos Brazão
Delator também declarou que ex-chefe da Polícia 'empurrou com a barriga' investigação até fim da intervenção federal
Em texto escrito a mão antes de fechar seu acordo de delação premiada, o ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa era apresentado como um "guru" pelos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão no planejamento do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Lessa também declarou que, após o crime, Rivaldo "empurrou com a barriga" a investigação até o fim da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, que durou até o fim de 2018.
No texto, uma espécie de proposta de delação que foi apresentada, Lessa descreve Rivaldo como "personagem imprescindível tanto no pré como no pós crime".
De acordo com ele, o policial teria sido citado pelo Brazão nos três encontros que, segundo Lessa, eles tiveram para falar sobre o crime. Os irmãos Brazão e Rivaldo negam participação no assassinato.
"Personagem imprescindível tanto no pré quanto no pós crime. O mesmo foi mencionado pelos irmãos em todas as 3 reuniões em que nos encontramos para falarmos sobre o crime. Seu nome era reverenciado como uma espécie de guru, como uma garantia para o bom desfecho da missão e como uma autêntica 'carta branca' para o plano", escreveu Lessa.
Em outro trecho, declarou que "o Rivaldo empurrou com a barriga até o final da intervenção federal. Não concluiu o caso propositalmente devido ao seu comprometimento"
O texto faz parte de documentos da delação que tiveram o sigilo levantado nesta sexta-feira pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em depoimento prestado na segunda-feira à PF, Rivaldo negou envolvimento no crime e se disse alvo de "perseguição". O delegado ainda apontou fragilidades na investigação que culminou em sua prisão. De acordo com o advogado Marcelo Ferreira, que representa Rivaldo, o delegado respondeu a todas as perguntas dos investigadores:
— Ele nunca esteve com essas pessoas, não conhece essas pessoas. Ele entregou o celular dele para a Polícia Federal com todas as senhas e isso nunca foi levado em consideração. Cadê as conversas que teria tido com ele? Se foi combinado um ano antes que ele receberia um valor para poder não investigar um crime que acontecia no futuro, cadê qualquer elemento em relação a isso? Não tem, a Polícia Federal não conseguiu trazer isso e ficou muito claro no depoimento que realmente ele nunca teve contato com ninguém.