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Davi Belfort inicia faculdade e mira sonho de chegar à NFL

Aos 19 anos, o potencial primeiro quarterback brasileiro da história da liga completou três semanas em Virginia Tech

Potencial primeiro quarterback brasileiro da NFL, Davi Belfort chega nesta temporada à universidade - Reprodução/Instagram

Passado um ano de expectativas e mudanças, começou a última etapa de Davi Belfort no caminho para entrar na NFL, a principal liga de futebol americano do mundo.

Aos 19 anos, o filho do lutador Vitor Belfort e da empresária Joana Prado completou as três primeiras semanas em Virginia Tech, faculdade que escolheu, em março de 2023, para jogar o nível universitário, o último antes do profissional.

O processo é longo, e Davi precisa passar três ou quatro anos em uma dificuldade muito mais exigente até poder se inscrever no draft — seleção de jogadores da universidade — da NFL, mas o pacote da nova aventura já rende experiências pessoais e profissionais.


Enquanto foca inteiramente em dominar a nova categoria, precisa lidar com os desafios, que vão desde a maior fama entre o público brasileiro até o de morar sozinho pela primeira vez.

 

 

— Meus pais só vieram comigo, para me ajudar a trazer todas as minhas coisas, mas já voltaram. Tenho duas irmãs que precisam deles. É uma família só de atletas, ninguém para — contou Davi Belfort em entrevista exclusiva ao Globo, referindo-se a Victoria e Kyara, que praticam vôlei e atletismo, respectivamente. — Vai ser uma transição meio difícil, porque a gente é muito próximo, mas estou pronto. Em alguns finais de semana, vou poder voltar, ou eles vão poder me visitar.

 

Davi Belfort chegou ao campus de Virginia Tech neste mês de maio — Foto: Instagram/Virginia Tech Football

A universidade fica na cidade de Blacksburg, no estado da Virginia, a cerca de 1.500 km de Fort Lauderdale, na Flórida, onde a família mora há quase dez anos. Mas Davi já vai se adaptando a um lugar que escolheu a dedo, e onde está morando em um apartamento com novos amigos de time. Os treinos começaram no final de maio, e durarão três meses até o início da temporada universitária, em agosto.

Evolução
O jovem quarterback — principal posição do esporte —, fechou sua passagem pelo ensino médio em Western High, uma das melhores escolhas do país, após sair de Gulliver Prep para se provar ainda mais. O resultado apareceu no campo. Com números como 3.115 jardas totais e 34 touchdowns, teve a temporada mais produtiva da carreira, física e mentalmente.

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— Os técnicos me deram liberdade. No campo, há algumas coisas que eles não podem ver, só eu que estou lá dentro — reconhece Belfort. — Me deixaram muito livre para mudar algumas jogadas, chamar outras. Na faculdade, vai ser assim, e na NFL, também. Isso me ajudou muito no lado mental.

 

Davi Belfort treina com Tyreek Hill, um dos melhores wide receivers da NFL — Foto: Reprodução/Instagram

A temporada só foi interrompida por uma lesão no tornozelo esquerdo. Porém, a recuperação de um mês foi finalizada em janeiro, quando Davi já estava apto a manter uma rotina de atividades físicas e até treinos com jogadores da NFL, como o recebedor Tyreek Hill, estrela do Miami Dolphins.

Raízes
Em julho de 2023, poucos meses após se confirmar no futebol americano universitário, o jogador, os pais e as irmãs vieram Brasil. Nascido no Rio de Janeiro, Belfort deixou o país aos seis anos por conta da carreira de Vitor. Nesta volta mais recente, foi muito requisitado pelos torcedores que encontrou, em São Paulo e Belo Horizonte, onde também tem parentes.

— Amo visitar a minha família, curtir com avô, tios, primos. E quando fui para São Paulo, teve muita correria, gravações, oportunidade para conhecer jogadores da seleção brasileira — lembra o garoto. — Muitos fãs, mais do que eu esperava. Cada um deles é especial. Deu para interagir, ver a paixão das pessoas pelo esporte crescendo no Brasil.

Os planos de Davi Belfort para o futuro incluem chegar à NFL, representar o Brasil no flag football — modalidade de futebol americano com contato reduzido — nas Olimpíadas de 2028, em Los Angeles, e até disputar uma partida no Brasil algum dia. Ele não deve conseguir estar presente no jogo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, em setembro, em São Paulo, por conta da temporada em Virginia Tech.

Porém, a equipe de liga no Brasil já acompanha seus passos de perto e planeja alguma aparição. Até mesmo sua parceria com a agência do ex-jogador Ronaldo Fenômeno foi anunciada na última quarta.

Ciente de que a carreira no esporte é passageira, porém, o garoto também se planeja para estudar business (administração), curso que é destaque em sua universidade. E enquanto ajuda o esporte a seguir crescendo no país natal, aproveita cada detalhe da nova etapa.

— Muito grato pela oportunidade de jogar no nível mais alto e ter o melhor ensino. Estou quase lá, mas sou um cara que tem que focar muito no momento. Se fizer isso todo dia, vou chegar longe. É só isso que está na minha cabeça agora — afirma Davi.

Apenas dois jogadores nascidos no Brasil tiveram oportunidades na NFL. O kicker Cairo Santos entrou na liga em 2014, contratado pelo Kansas City Chiefs. Atualmente, está no Chicago Bears. Já Durval "Duzão" Queiroz, jogador de linha ofensiva, assinou com o Miami Dolphins em 2019, mas nunca disputou uma partida.