Gases que danificam a camada de ozônio desaparecem mais rápido do que o previsto
Os HCFC alcançaram seu nível máximo de concentração em 2021
A presença de gases que danificam a camada de ozônio está diminuindo mais rápido do que esperavam os cientistas, o que demonstra o sucesso do Protocolo de Montreal assinado em 1987, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (11).
O objetivo do Protocolo de Montreal era eliminar gradualmente as substâncias que destroem o ozônio presentes principalmente na refrigeração, no ar-condicionado e nos aerossóis.
A primeira etapa consistiu em eliminar os clorofluorcarbonetos (CFC), e agora todos os os setores industriais envolvidos esperam conseguir eliminar os hidroclorofluorcarnonetos (HCFC) que os substituíram até 2040.
Os HCFC alcançaram seu nível máximo de concentração em 2021, cinco anos antes das projeções.
"Foi um grande sucesso global. Estamos vendo que as coisas vão na direção correta", disse à AFP o autor principal do estudo, Luke Western, da Universidade de Bristol no Reino Unido.
O estudo, publicado na revista Nature Climate Change, examinou os níveis de poluentes na atmosfera utilizando dados do Experimento Global Avançado de Gases Atmosféricos e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos.
Western atribuiu a forte diminuição dos HCFC à eficácia do Protocolo de Montreal, assim como a regulações nacionais mais estritas e a uma mudança de mentalidade por parte da indústria, para antecipar a próxima proibição a esses contaminantes.
"Em termos de política ambiental, há certo otimismo de que esses tratados ambientais podem funcionar se forem implementados e seguidos corretamente", disse Western.
Tanto os CFC como os HCFC também são potentes gases de efeito estufa, o que significa que sua diminuição também ajuda na luta contra o aquecimento global.
Os CFC podem durar centenas de anos na atmosfera, enquanto os HCFC têm uma vida útil de cerca de duas décadas, disse Western.
Mesmo depois de sair de circulação, o uso anterior desses produtos continuará a afetar a camada de ozônio nos próximos anos.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estimou em 2023 que poderia levar quatro décadas para que a camada de ozônio se recuperasse aos níveis anteriores à detecção do buraco na década de 1980.