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Blinken insta Hamas a aceitar plano de trégua em Gaza, onde os combates não cessam

Durante a visita a Israel, o secretário de Estado ressaltou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "reiterou o compromisso" com a proposta de cessar-fogo em Gaza

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (esq), posando para uma foto com o presidente do Partido da Unidade Nacional de Israel, Benny Gantz. - David Azagury / Embaixada Dos EUA Em Israel / AFP

A guerra entre Israel e Hamas em Gaza não cessou na terça-feira (11), apesar dos esforços dos Estados Unidos, cujo secretário de Estado defendeu um plano de cessar-fogo em uma conferência na Jordânia destinada a angariar ajuda humanitária para os palestinos.

Antony Blinken, que realiza sua oitava viagem ao Oriente Médio desde o início do conflito há oito meses, instou o movimento islamista palestino a aceitar a trégua e o plano de libertação de reféns, que recebeu o apoio do Conselho de Segurança da ONU.
 

Durante a visita a Israel, o secretário de Estado ressaltou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "reiterou o compromisso" com a proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada em 31 de maio pelo presidente americano, Joe Biden.

Blinken também chamou de "sinal de esperança" a reação Hamas, que celebrou na segunda-feira a aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU que respalda o plano.

"Todo mundo disse sim, exceto o Hamas", afirmou Blinken, antes de destacar que se o grupo islamista não aceitar a proposta, o fracasso seria "claramente" sua responsabilidade.

O Hamas, no poder em Gaza desde 2007, saudou uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU no dia anterior que apoiava o plano de trégua e vista por Blinken como um “sinal de esperança”.

O chefe da diplomacia americana continuou o giro pelo Oriente Médio na Jordânia, onde anunciou um novo auxílio de Washington no valor 404 milhões de dólares (R$ 2,1 bilhão) para os palestinos, destinado a amenizar a crise humanitária que assola o estreito território.

Israel ordenou um cerco “completo” a Gaza em 9 de outubro, dificultando a entrada de alimentos, água, medicamentos e combustível.

O único alívio para esta população de 2,4 milhões de habitantes, que sofre com os constantes bombardeios israelenses, vem da entrada ocasional de ajuda.

"O horror deve parar" 
“O horror deve parar”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, na Jordânia.

"A velocidade e a magnitude da carnificina em Gaza excedem tudo o que vi nos meus anos como secretário-geral", disse ele na conferência internacional de ajuda, realizada às margens do mar Morto.

A Espanha anunciou que vai mobilizar 17 milhões de dólares (R$ 91 milhões) em ajuda, e a Indonésia disse estar disposta a enviar equipes médicas, um hospital de campanha, um navio-hospital, e evacuar 1.000 pacientes.

O objetivo da viagem de Blinken é promover o plano de trégua e libertação de reféns anunciado por Biden, que na segunda-feira recebeu o apoio do Conselho de Segurança da ONU com 14 votos a favor e a abstenção da Rússia.

Este plano contempla em uma primeira fase um cessar-fogo “imediato e completo”, a troca de reféns por prisioneiros palestinos, a retirada do Exército israelense das zonas densamente povoadas de Gaza e a entrada de ajuda humanitária.

O Hamas disse que recebeu “favoravelmente” alguns dos elementos incluídos na resolução e sublinhou “a sua vontade de cooperar” com mediadores para retomar as negociações indiretas com Israel.

Mas o grupo também recordou as suas exigências de um cessar-fogo permanente e de uma retirada completa das forças israelenses de Gaza.

Em Israel, além de Netanyahu, o secretário de Estado americano reuniu-se com Benny Gantz, rival centrista do primeiro-ministro que recentemente se demitiu do gabinete de guerra, e com o líder da oposição, Yair Lapid.

A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.194 pessoas e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais.

O Exército israelense estima que 116 reféns permanecem cativos em Gaza, incluindo 41 que estariam mortos.

A operação lançada por Israel contra Gaza deixou 37.164 mortos, segundo o Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas.

"Esta guerra destruiu nossas vidas" 
As hostilidades continuam no campo de batalha com os bombardeios israelenses que, segundo fontes hospitalares, deixaram vários mortos no centro da Faixa, onde as tropas de Israel concentraram suas ações na última semana.

O Exército israelense anunciou que quatro dos seus soldados morreram na segunda-feira em combates no sul do território palestino.

Estas baixas elevam para 298 o número de mortos nas tropas israelenses durante a ofensiva terrestre contra Gaza, que começou em 27 de outubro.

Perante múltiplas pressões, Netanyahu insiste no seu objetivo de eliminar o Hamas, considerado uma “organização terrorista” por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

A estratégia militar ganhou fôlego após a operação no sábado que permitiu o resgate de quatro reféns no campo de refugiados de Nuseirat, uma ofensiva que, segundo o governo do Hamas, custou a vida de 274 palestinos.

A ONU afirmou nesta terça-feira que estava “profundamente chocada” com o custo civil desta operação e “profundamente consternada” pelo fato de que grupos armados palestinos continuem com reféns em cativeiro.

"Esta guerra destruiu nossas vidas. Não há comida, não há nada para beber, há cerco e destruição por toda parte", disse à AFP Soad Al Qanou, uma mulher que faz todo o possível para salvar seu filho, desnutrido, em um acampamento de refugiados em Jabaliya, no norte de Gaza.