Artes Visuais

João Câmara celebra 80 anos com exposição de pinturas digitais, no Museu do Estado

A mostra "João Câmara 80 Anos: Pinturas Digitais" pode ser visitada desta quinta-feira (13) até 14 de julho

Exposição "João Câmara 80 Anos: Pinturas Digitais", no Mepe - Divulgação

João Câmara, artista plástico paraibano radicado em Olinda, é um dos mais renomados pintores de sua geração. Sua obra abraça diferentes suportes e técnicas, das tradicionais às mais inovadoras. Essa versatilidade está explícita em uma nova exposição no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), que será inaugurada nesta quarta-feira (12), às 19h. 

Batizada de “João Câmara 80 Anos: Pinturas Digitais”, a mostra celebra as oito décadas do artista, completadas em janeiro deste ano. A curadoria é de Weydson Barros Leal, com produção de Vera Magalhães e Beth Marinho. As visitações podem ser feitas desta quinta-feira (13) até 14 de julho. 

Dispostas no espaço expositivo do museu, estão 85 pinturas em grande formato e desenvolvidas nas últimas duas décadas. A maior parte é composta por obras digitais originais criadas por meio de programas de pintura eletrônica e, em seguida, impressas em telas com tintas de pigmento. 

Em entrevista à Folha de Pernambuco, João Câmara conta que seu interesse por computação gráfica nasceu no começo da década de 1990, com o intuito de arquivar sua  produção de pinturas e litografias. Depois, o artista aprendeu a trabalhar com programas de emulação de desenho e pintura, experimentando, mais tarde, softwares de composição em 3D. Tais recursos são a base dos trabalhos em arte digital assinados por ele.

“A arte digital tem exigências próprias em sua sintaxe de conceitos, é mais diversificada e fugidia, exige maior controle crítico, restrição às facilidades e ocorrências de banalidades que brotam na tela do computador. Luta-se contra isso e contra a velocidade que o computador dispõe e quer impor ao processo criativo”, comenta o artista, comparando os processos de criação digital e físico.

Da imaginação para a tela
A exposição apresenta ainda quatro pinturas a óleo sobre tela, recentes e inéditas. “Eu quis colocar esses quadros logo na entrada do museu, para dar ao observador a noção de que a pintura a óleo continua sendo a atividade principal do fazer artístico cotidiano dele. O digital é um exercício que João vem desenvolvendo e que ele aprimorou a uma excelência impressionante”, aponta o curador da mostra.

Segundo Weydson Barros, os trabalhos de João do meio digital bebem das mesmas fontes de suas pinturas feitas com tintas e pincéis. O curador destaca a relação com a literatura como um mote comum às obras que compõem a nova exposição. 
 

“Quando você está lendo um livro, visualiza o local dos personagens, por mais exato que o autor seja em suas descrições. João faz a concretização das visualizações que ele teve com os inúmeros livros que leu. O que as pessoas vão ver é uma imensidão de cenários, personagens e cenas de grandes obras colocadas em tela. É o trânsito da imaginação para a imagem”, afirma o curador. 

Literatura
Aproveitando a vernissage, outros dois lançamentos marcam a noite: o novo livro de contos de João Câmara, “A Caminho de Querétaro” (Topbooks Editora), e o livro/catálogo de obras digitais do artista, publicado pela DG Design Gráfico e com texto de Weydson Barros Leal.

“Neste segundo livro de contos, em dois anos, os textos se concentraram no enredo, na trama, mais que na estilização, creio. No último conto, mais longo, há quatro histórias que se encadeiam em ‘script’ unificador. Nos outros, cada caso é um caso, diversos lugares, tempos outros”, adianta o pintor e escritor.

Serviço:
Exposição “João Câmara 80 Anos: Pinturas Digitais”
Quando: Abertura nesta quarta-feira (12), às 19h, e visitações de quinta-feira (13) até 14 de julho; de terça a sexta-feira, das 09h às 17h, e aos sábados e domingos, 14h às 17h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Av. Rui Barbosa, 960, Graças)
Ingressos por R$ 10 e R$ 5, à venda no local