Ilva Niño, atriz pernambucana, morre aos 89 anos, no Rio de Janeiro
Atriz estava internada no Hospital Quali, em Ipanema, desde o dia 13 de maio, onde passou por uma cirurgia cardíaca
Conhecida nacionalmente por suas personagens marcantes, a exemplo da empregada Mina da novela “Roque Santeiro” (1985), a atriz pernambucana Ilva Niño faleceu, nesta quarta-feira (12), aos 89 anos.
Natural de Floresta, no Sertão do Pajeú, Ilva foi casada com o dramaturgo e escritor pernambucano Luiz Mendonça e juntos tiveram um filho, Luiz Carlos Niño, ambos já falecidos. A cremação está prevista para esta quinta-feira (13).
Ilva, que faria 90 anos no dia 15 de novembro, iniciou nas artes cênicas na Escola Normal e em um curso de teatro grego ministrado por Ariano Suassuna. A atriz atuaou na montagem amadora de Ariano para "Antígona", de Sófocles.
Nessa época, a atriz começou sua carreira no Movimento de Cultura Popular, durante o governo de Miguel Arraes, no início da década de 1960. Com o golpe e implantação do governo militar, em 1964, a atriz foi morar com o marido no Rio de Janeiro, lugar em que já haviak apresentado “O Alto da Compadecida, em 1957, na então capital do Brasil.
Lembranças familiares
O jornalista da Folha de Pernambuco Ayrton Niño, sobrinho-neto de Ilva, compartilhou algumas lembranças da sua tia-avó. "Eram poucos encontros quando ela vinha rever a família aqui. Então, eu tenho umas lembranças das visitas dela quando eu era criança, quando ela ia visitar meu avô lá em casa. E de a assistir pela TV. Eu lembro até que um momento marcante, assim, que ela fez "O Menino Maluquinho". E era quando eu estava naquela final da infância, início de pré-adolescência. Era sempre um hábito, quando estava passando de manhã eu assistir", lembrou.
"Minha primeira formação foi em história. No meu TCC eu estudei sobre o Teatro de Cultura Popular, que educava as pessoas a partir da arte. E eu acho que o papel dela é muito isso. Ela era uma grande defensora da arte e tinha muita consciência do poder que a arte tem, o teatro principalmente, de mudar vidas, de educar pessoas. Ela era uma pessoa muito consciente politicamente, uma pessoa que batalhou muito e deixou um legado ", completou Ayrton.
Paixão pelo teatro
No ano de 2016, a atriz participou da reabertura do Teatro Niño de Artes Luiz Mendonça, na Lapa, na região central do Rio. Fechado por dois anos, a casa voltou a receber a exibição de espetáculos teatrais e musicais.
O Teatro Niño de Artes Luiz Mendonça é uma homenagem ao dramaturgo e diretor Luiz Mendonça, falecido em 1995. A atriz e viúva do dramaturgo criou e manteve o espaço desde que foi fundado, em 2003.
Do teatro à televisão
Ilva atuou nas peças "O Berço do Herói" e em "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes e quando o diretor foi contratado pela Globo, ela realizou com ele diversos papeis na televbisão, entre eles, "Verão Vermelho", de 1969; "Bandeira 2", de 1971, “A Patota", de 1972; "Gabriela", de 1975; "Sem Lenço, sem Documento", de 1977.
Ilva viveu a mãe das personagens de Betty Faria e Elizangela em "Pecado Capital", de 1975 e também esteve no elenco da novela "Feijão Maravilha", de 1979.
Sucesso na novela
Apesar da longa carreira no teatro e na televisão, a fama chegou de maneira mais marcante para atriz na novela "Roque Santeiro", de 1985, quando interpretou a empregada doméstica Mina, confidente da viúva Porcina.
Na década de 1980, Ilva também participou das novelas "Água Viva",1980; "Partido Alto", de 1984; "O Outro", 1987; "Bebê a Bordo", de 1988, e "Sexo dos Anjos", de 1989.
Ela esteve no elenco da primeira minissérie da Globo, "Lampião e Maria Bonita", de 1982, de Aguinaldo Silva e Doc Comparato. Nos anos 1990 e 2000, esteve em "Pedra sobre Pedra", de 1992; "Tropicaliente", de 1994; e "História de Amor", de 1995; "Suave Veneno" e "Terra Nostra", ambos de 1999; "Porto dos Milagres", de 2001; "Senhora do Destino", de 2004; "Alma Gêmea", de 2005"; e "Sete Pecados", de 2007.
Em 2009, atuou em "Cama de Gato". Dois anos depois, em 2011, viveu a mãe do cangaceiro vivido por Domingos Montagner, em "Cordel Encantado". A atriz está no ar na reprise da novela "Cheia de Charme", de 2012; e também fez a segunda versão de "Saramandaia", de 2013, e a temporada de "Malhação" de 2015.