GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

"Ninguém tem ideia" do número de reféns ainda vivos em Gaza, diz oficial do Hamas

Osama Hamdan disse que última proposta, elaborada por Israel e divulgada pelo presidente americano, Joe Biden, no mês passado, 'não atendeu às demandas do grupo'

Porta-voz do Hamas, Osama Hamdan afirmou não ter ideia do número de reféns ainda vivos após ofensiva do grupo terrorista no ano passado - AFP

É incerto o destino dos 120 reféns que ainda estão presos em Gaza desde a ofensiva do grupo terrorista Hamas, no ano passado. A afirmação é do alto funcionário do grupo, Osama Hamdan, que afirmou que "ninguém tem ideia" se eles estariam vivos, destacando que qualquer proposta de acordo precisa ter incluída garantias de um cessar-fogo permanente e da saída das forças de segurança de Israel a região.

Porta-voz do Hamas, Hamdan disse, durante entrevista à CNN, que a última proposta, elaborada por Israel e divulgada pelo presidente americano, Joe Biden, no mês passado, "não atendeu às demandas do grupo". Segundo ele, o grupo precisava de “uma posição clara de Israel para aceitar o cessar-fogo, uma retirada completa de Gaza".

"[...] Deixar que os palestinos determinem o seu futuro por si próprios, a reconstrução, [fim] do cerco […] e estamos prontos para falar sobre um acordo justo sobre a troca de prisioneiros”, afirmou Hamdan. "Os israelenses querem o cessar-fogo apenas por seis semanas e depois querem voltar à luta, o que acho que os americanos, até agora, não conseguiram convencer os israelenses a aceitar."

Crianças em Gaza
As consequências e impactos dos ataques aéreos israelenses nas crianças palestinas
Quando perguntado sobre abusos mental e físico contra vítimas sequestradas, Hamdan culpou Israel, afirmando que os reféns "estavam melhor que antes", citando fotos que mostram antes e depois de oito meses em cativeiro.

"Acredito que se eles têm problemas mentais, isso se deve ao que Israel tem feito em Gaza. Porque [ninguém pode] suportar o que Israel está fazendo, bombardeando todos os dias, matando civis, matando mulheres e crianças […] eles viram isso [com] seus próprios olhos", afirmou Hamdan.

No início deste mês, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que não vai aceitar nenhum acordo para recuperar os reféns israelenses, se isso envolver um cessar-fogo definitivo na Faixa de Gaza. O comentário foi feito em uma reunião a portas fechadas com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em um momento em que o grupo analisa termos de um possível acordo diplomático e tem reiterado a necessidade do fim da ação militar no enclave palestino.

O último resgate de reféns ocorreu no sábado passado, após uma "complexa operação" na cidade de Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza. Almog Meir Jan, de 21 anos; Noa Argamani, de 26; Andrey Kozlov, de 27; e Shlomi Ziv, de 41, que foram sequestrados no dia 7 de outubro durante o festival de música eletrônica Nova, foram encontrados com vida e estão "em boas condições médicas", de acordo com fontes militares.

Um policial israelense morreu durante o resgate, enquanto o gabinete de imprensa do Hamas afirma que, no mesmo local onde foi realizada a operação, 210 pessoas foram mortas e mais de 400 ficaram feridas.

Capturados no festival
O resgate de reféns com vida — algo raro desde o começo da guerra — ocorreu um dia após o conflito completar oito meses. Os quatro resgatados foram capturados durante o atentado de 7 de outubro, quando terroristas do Hamas atacaram o sul do território israelense. Eles estavam no festival Nova, de música eletrônica, a poucos quilômetros de Gaza, um dos principais alvos atingidos no ataque.

Mais de três mil pessoas estavam reunidas quando, às 6h29 daquele sábado, homens armados invadiram o evento em carros e parapentes, abrindo fogo contra a multidão. Mais de 360 pessoas morreram e cerca de 40 foram levadas como reféns — no total, os militantes sequestraram 251.

Além dos reféns, o ataque do Hamas deixou 1,2 mil pessoas mortas. Como resposta, o Exército israelense iniciou uma ofensiva em Gaza, que já deixou mais de 36,8 mil mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo as autoridades do Hamas.