Igreja Católica

EUA: Bispos pedem perdão por 'trauma' causado aos indígenas: cerca de mil crianças foram abusadas

Igreja reconhece violências histórias contra os indígenas e busca reconciliação

Catedral de São Patrício, em Nova York - Google Street View

Os bispos católicos se desculparam, nesta sexta-feira, pelo papel da Igreja no "trauma" submetido aos nativos americanos, especialmente por retirar as crianças de suas famílias e colocá-las em internatos.

Pelo menos 122 sacerdotes, freiras e monges designados para 22 internatos católicos, desde a década de 1890, foram acusados de abusar sexualmente de crianças indígenas americanas, segundo uma investigação do Washington Post, publicada em maio deste ano.

“A Igreja reconhece que desempenhou um papel no trauma sofrido pelas crianças nativas americanas", disse a conferência dos bispos dos Estados Unidos em um comunicado.

Durante décadas, as autoridades americanas separaram as crianças indígenas de seus pais biológicos e as colocaram em internatos ou em famílias de indígenas não-nativos americanos em todo o país. Essas políticas de assimilação forçada terminaram em 1978, com a adoção de uma lei pelo Congresso.

"A cura e a reconciliação só podem ocorrer quando a Igreja reconhece as feridas infligidas a seus filhos indígenas e ouve, humildemente, quando eles contam suas experiências", pronunciaram os bispos no documento divulgado.

A maioria dos abusos documentados ocorreu nas décadas de 1950 e 1960 e envolveu mais de 1.000 crianças, a maioria no Meio-Oeste e no Noroeste do Pacífico, incluindo o Alasca, disse o jornal Washington Post.

"Pedimos desculpas por falharmos em nutrir, fortalecer, honrar, reconhecer e valorizar aquelas (pessoas) confiadas ao nosso cuidado pastoral", expressaram os bispos no comunicado. "Todos nós devemos fazer nossa parte para aumentar a conscientização e quebrar a cultura do silêncio que cercava todos os tipos de aflições, maus-tratos e negligência no passado", acrescentam.