ARTES VISUAIS

Mitologia africana é destaque na exposição "Entre o Aiyê e o Orun"

Mostra, que abre nesta terça (18), na Caixa Cultural Recife, reúne trabalhos de 14 artistas, inspirados nas narrativas afro-brasileiras

Registros de Pierre Verger também compõem a exposição - Pierre Verger

De acordo com a mitologia iorubá, há dois mundos que coexistem paralelamente: o Orun, que se refere ao mundo espiritual – o que chamaríamos de céu, onde habitam Olodumarê e os orixás –, e o Aiyê, que é o mundo material, físico – a Terra.

Na cultura afro-brasileira, nos territórios e templos onde se praticam religiões de matriz africana, o Orun e o Aiyê são expressões corriqueiras, porém, pouco conhecidas – ou até mesmo veladas – pela população em geral.

Com uma temática centrada nos mitos referentes à criação, a partir da cosmologia africana, chega ao Recife a exposição “Entre o Aiyê e o Orun”. A mostra, que terá abertura hoje (18), às 19h, na Caixa Cultural Recife, reúne os trabalhos de 14 artistas, que, a partir de diversas técnicas e suportes, representam narrativas afro-brasileiras.

A mostra
“Entre o Aiyê e o Orun” tem curadoria de Thais Darzé e ficará em cartaz na Caixa Cultural Recife até 1º de setembro. A Capital pernambucana é a segunda cidade brasileira a receber a exposição, que, em 2019, ocupou a Caixa Cultural Salvador, na Bahia.

Compõem a exposição pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, instalações e as mais variadas expressões, que se encontram na temática. “Um traço em comum entre os artistas dessa mostra é transitarem no território do sagrado, sagrado esse silenciado, velado e perseguido durante séculos”, destaca Thais Darzé. 

“Na visão de mundo afro-brasileira, os questionamentos não encontram respostas filosóficas, pois na tradição africana a mitologia conta histórias que narram o início e a razão das coisas”, explica a curadora. “Esses mitos, também chamados de itans dentro do universo cultural afro-brasileiro, formam uma vasta mitologia vinda da África, que criou o modo de ver, vivenciar e sentir o mundo de muitos brasileiros.”

Estão contemplados na mostra alguns expoentes das artes plásticas no Brasil: Agnaldo dos Santos (1926-1962), Carybé (1911-1997), Emanoel Araújo (1940-2022), Jayme Figura (1959-2023), Mario Cravo Jr. (1923-2018), Mario Cravo Neto (1947-2009), Mestre Didi (1917-2013), Pierre Verger (1902-1996), Rubem Valentim (1922-1991), Ayrson Heráclito, Caetano Dias, J. Cunha, José Adário e Nadia Taquary.

“O eixo conceitual da exposição são os mitos da criação do mundo na visão afro-brasileira. Dessa forma, as obras selecionadas transitam por essa poética”, explica Thais.

Abertura e oficina
A curadora Thais Darzé participará de duas visitas guiadas, junto ao público. A primeira será na noite desta terça (18), às 19h, durante a abertura oficial da exposição. A segunda acontece nesta quarta (19), às 10h. As duas visitas guiadas são gratuitas, sem necessidade de inscrição prévia.

Ainda como parte da programação da exposição, será realizada uma oficina de artes visuais, com o artista baiano Caetano Dias, no dia 10 de agosto (um sábado), às 10h. A atividade, que também é gratuita, conta com vagas limitadas e as inscrições poderão ser realizadas por meio do site da Caixa Cultural, a partir de 6 de agosto.

SERVIÇO
Exposição “Entre o Aiyê e o Orun”
Abertura: Terça (18), às 19h
Onde: Caixa Cultural Recife | Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife - Recife/PE
Visitação (até 1º de setembro): terça a sábado, das 10h às 20h; domingo, das 10h às 18h
Entrada franca
Informações: (81) 3425-1915 ou no site da Caixa Cultural Recife