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Hezbollah divulga imagem aérea que diz ser de cidade portuária israelense

Registro sugere dificuldade do sistema Estado judeu em interceptar drones em meio à escalada das tensões na fronteira

Imagens aéreas feitas por drones de vigilância do Hezbollah que mostram suposta cidade portuária israelense, Haifa - Reprodução

O movimento xiita libanês Hezbollah divulgou, nesta terça-feira, um vídeo supostamente gravado por drones de vigilância que mostra locais em Israel, incluindo portos marítimos e aéreos da importante cidade de Haifa, no norte do território, informou o The Guardian.

O jornal britânico destacou que as imagens não foram verificadas e não há informação sobre quando foram feitas, mas que, caso seja constatada sua veracidade, acendem um alerta quanto ao sistema de segurança israelenese ao sugerir uma vulnerabilidade maior à incursão de drones em seu território do que se sabia até então.

Dado o cenário de hostilidade na fronteira, a lacuna na segurança expõe uma dificuldade de Israel em interceptar os ataques do movimento xiita. As imagens, segundo descrição do Guardian e a AFP, mostram áreas residenciais, militares, de defesa e energia de Haifa, além de instalações portuárias.

Ameaça implícita
A cidade fica a 27 km da fronteira com o Líbano e nela habitam cerca de 300 mil pessoas, fazendo com que o sobrevoo e a publicação sugiram uma ameaça implícita. Também foram registradas partes de uma fábrica da empresa de defesa RAFAEL, incluindo baterias do sistema de defesa aéreo israelense Domo de Ferro, depósitos de motores de foguetes, e instalações e radares do Estilingue de Davi, desenvolvido com os americanos para abater foguetes disparados de distância de 100km a 200km.

Ao divulgar o registro, o Hezbollah, que é financiado pelo Irã, aconselhou os telespectadores, de acordo com o jornal britânico, a "assistir e analisar" o que descreveu como "cenas importantes" trazidas pelo "Upupidae" ou "poupa", nome do drone que faz referência à ave que, na mitologia árabe, é vista como mensageira.

Vigilância
A Reuters e o Guardian destacaram que, em novembro, o chefe do movimento xiita, Sayyed Hassan Nasrallah, afirmou que o Hezbollah estava enviando drones de vigilância à cidade israelense.

Cerca de 150 drones enviados pelo movimento xiita foram interceptados, mas alguns conseguiram furar o sistema de defesa, incluindo um ataque transfronteiriço em abril que feriu 14 soldados israelenses. Especialistas ouvidos pelo jornal britânico explicam que o Hezbollah tem utilizado uma combinação de táticas para não ter seus drones detectados, incluindo voar mais baixo e usar múltiplos canais para evitar a interferência da tecnologia.

Na semana passada, o movimento afirmou ter levado a cabo mais de 2,1 mil operações militares contra Israel desde outubro, quando lançou seu primeiro ataque em apoio ao ataque do Hamas. A intensidade dos ataques aumentou nas últimas semanas, especialmente após a morte do membro de alto escalão do movimento Taleb Abdallah, também conhecido como Abu Taleb, por um ataque israelense.

As autoridades do Estado judeu revelaram, segundo o jornal britânico, que começaram a investir milhões de shekels para combater a ameaça dos drones.

Entre eles, estão atualizações no Domo de Ferro para equipá-lo melhor contra aeronaves não tripuladas de voo mais lento e a reintrodução de armas antiaéreas convencionais aposentadas, incluindo o aposentado M61 Vulcan, capaz de realizar até 6 mil disparos por minuto, segundo o Defense News.

Diplomacia x 'Guerra total'
O jornal britânico também informou que a mensagem era direcionada tanto ao público israelense quanto a um público internacional mais amplo, destacando que sua divulgação parece ter sido programada para coincidir com a visita do enviado americano Amos Hochstein ao Líbano, nesta terça-feira, após reuniões com autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, no dia anterior. Tanto os EUA quanto a França trabalham por uma saída diplomática para o conflito.

Hochstein, apelou nesta terça à desescalada "urgente" dos ataques transfronteiriças entre o Hezbollah e as forças israelenses.

— O conflito entre Israel e o Hezbollah já dura há muito tempo — destacou o enviado em Beirute. — É do interesse de todos resolvê-lo de forma rápida e diplomaticamente, o que é possível e urgente.

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Durante a visita de Hochestein, o Hezbollah anunciou o seu primeiro ataque em dias, afirmando ter atingido um tanque israelense com um "drone de ataque". Israel, por sua vez, lançou um ataque no dia anterior, matando um combatente do movimento. A Agência Nacional de Notícias do Líbano também informou que um "drone inimigo" tinha como alvo um carro no sul do Líbano.

Em paralelo à fala do enviado, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que o grupo seria destruído no caso de uma "guerra total". "Estamos muito próximos do momento em que decidiremos mudar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano. Em uma guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano será duramente atingido", disse Katz, de acordo com um comunicado do seu gabinete. (Com AFP)