Inflação

Diretora do Fed evita previsão, mas diz que é "factível" redução dos juros até fim do ano

Segundo ela, as decisões serão guiadas por dados e ainda é necessário obter mais confiança na queda da inflação

Adriana Kugler, Diretora do Federal Reserve - Drew Angerer/AFP

Diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Adriana Kugler evitou prever as próximas decisões do BC dos Estados Unidos, mas reiterou que acredita ser "factível" uma redução dos juros até o fim do ano.

Kugler argumenta que cortes das taxas dependerão de um progresso rápido da desinflação ou de uma piora no mercado de trabalho e na economia dos EUA.

"Não posso dizer quanto e quando, se será em julho, setembro, novembro ou dezembro. Mas como disse em discurso, se a economia seguir como esperado, pode ser apropriado relaxar a política monetária", respondeu a dirigente, ao ser questionada durante evento do Peterson Institute for International Economics (PIIE).
 

Segundo ela, as decisões serão guiadas por dados e ainda é necessário obter mais confiança na queda da inflação. Kugler reiterou que os riscos de ambos os lados do mandato permanecem: de cortar juros cedo demais e provocar salto da inflação, ou fazê-lo tarde demais e gerar deterioração do emprego nos EUA.

"Por isso, apoiei decisão de manter juros em junho. Mas vejo que economia está na direção certa", concluiu.

Em diversos momentos do evento, Kugler pontuou que a redução dos juros mais tarde neste ano ou a escolha por prolongar a manutenção dependerão do progresso da economia e de outros riscos, como os preços elevados de importação e de habitação.

Para ela, ainda há transmissão do aperto monetário para a atividade econômica, as expectativas inflacionárias de longo prazo seguem ancoradas e a força do dólar deve ajudar a baixar a inflação. A dirigente vota nas decisões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

Mercado de trabalho
A diretora do Federal Reserve afirmou também nesta terça-feira que o mercado de trabalho dos Estados Unidos permanece resiliente, apesar de sinais de desaceleração. Ela lembrou que, nos últimos dois meses, os EUA tiveram uma média de 218 mil empregos criados, o que representa um ritmo sólido, de acordo com ela.

"Mas a maioria dos outros indicadores apontam para um arrefecimento lento, mas constante do mercado de trabalho, apoiado pelo arrefecimento da demanda para contratação, bem como por uma forte oferta", explicou, dizendo monitorar sinais de deterioração do emprego.

A dirigente acrescentou que o crescimento dos salários continua perdendo força, enquanto a alta da produtividade deve reduzir as pressões inflacionários sem afetar a atividade. Um dos fatores que ajudam nesse sentido é o desenvolvimento da inteligência artificial, na visão dela.

"Suspeito que a IA possa difundir-se mais rapidamente, em parte porque muitos dos recursos complementares necessários para a disseminação inicial da IA - como computadores, redes e similares - já estão em vigor", afirmou, traçando uma comparação com o avanço da eletricidade no começo do século passado.

Kugler ressaltou ainda que os imigrantes foram grande ajude para a oferta de mão de obra e a capacidade produtiva.

Para ela, tensões geopolíticas e uma piora da economia global são riscos neste momento para a economia global. Kugler ainda comentou que o houve uma desaceleração do consumo recentemente.

A dirigente destacou que os juros estão suficientemente restritivos para desacelerar a economia e a inflação nos EUA, mas que o Fed ainda está distante do momento ideal para começar a discutir o exato ponto dos juros neutros.