"Divertida mente 2": Tatá Werneck fala sobre dublar Ansiedade em nova animação da Pixar
Chega aos cinemas do Brasil continuação de animação de 2015 trazendo novos sentimentos
Quase uma década após a estreia de “Divertida mente” (2015), sucesso que conquistou o Oscar de melhor longa de animação e faturou US$ 857 milhões nos cinemas de todo o mundo, o tradicional estúdio de animação Pixar lança uma continuação.
“Divertida mente 2” chega aos cinemas brasileiros amanhã, uma semana após debutar fazendo barulho nas bilheterias americanas, onde arrecadou impressionantes US$ 155 milhões em seus três primeiros dias.
Com isso, o longa se tornou a segunda maior bilheteria de estreia para uma animação nos Estados Unidos, perdendo apenas para “Os Incríveis 2” (2018), que alcançou US$ 182 milhões.
No longa original, acompanhamos a pequena Riley, de 11 anos, que precisa lidar com seus sentimentos após se mudar de cidade ao lado dos pais, o que faz com que a Tristeza tomasse conta de seus pensamentos, para desespero da Alegria.
Agora, a menina chega naquele período temido da vida: a adolescência. Enquanto lida com uma série de situações em casa e na escola, a jovem tem a mente/centro de controle tomada por uma série de novas emoções, o que vai ser um problema para a equipe que comandava a cabeça da menina.
Agora, Alegria, Tristeza, Nojinho, Medo e Raiva precisarão lidar com uma turma liderada pela elétrica Ansiedade.
Cobrança de Pete Docter
Para comandar o projeto, Pete Docter, chefe criativo da Pixar e diretor do primeiro filme, convocou Kelsey Mann, veterano do departamento de animação da Pixar, mas estreante na direção de longas-metragens.
— Quando Pete fez o primeiro, não pensava em uma sequência. Todos os filmes que fazemos, nós embrulhamos, colocamos um laço e damos de presente para o mundo, e é isso. É muito difícil fazer um filme, nunca temos na cabeça que iremos continuar a história. Mas, a todo lugar que ele ia, alguém falava que queria mais, e ele começou a pensar: “Será que podemos voltar?” — conta Mann. — Um dia recebi uma notificação no meu calendário de uma reunião com ele e Jim Morris, presidente da Pixar, sem nenhuma explicação. Fiquei pensando: “Essa vai ser a pior ou melhor reunião do mundo.” E acabou sendo a melhor, porque foi quando me pediram para pensar em ideias para o filme.
Criada em 1986, com Steve Jobs como um dos sócios fundadores, e vendida para o Walt Disney Group em 2006, por US$ 7,4 bilhões, a Pixar se notabilizou por animações que conquistam crianças, jovens e adultos, sem medo de tocar em temas sérios. O diretor brinca que se identificou muito com Riley ao assumir o trabalho e reconhece que existe uma pressão dentro do estúdio de ser sempre perfeito.
— À época (do convite), me identifiquei muito com a Riley, pois tinha uma mistura de alegria e ansiedade disputando o meu cérebro — diz o cineasta, que passou os últimos quatro anos mergulhado no projeto. — É muito fácil deixar a ansiedade tomar o controle, mas tentava focar na alegria e na oportunidade. Fico pensando naquela parceria do Queen com o David Bowie, “Under pressure” (“Sob pressão”, em tradução livre). Esses filmes são difíceis de fazer, por isso levam tanto tempo e trabalho duro. Em todos os filmes que fiz, senti essa pressão de tentar ser o mais perfeito possível.
Originais ou sequências
“Divertida mente 2” é o 28º longa do estúdio de animação que ficou conhecido por sucessos como “Toy story” (1995), “Procurando Nemo” (2003) e “Wall-e” (2008). A companhia, no entanto, não vinha acumulando grandes resultados nos últimos anos, tendo três filmes lançados diretamente no streaming (“Soul — Uma aventura com alma”, “Luca” e “Red: crescer é uma fera”, entre 2020 e 2022) e pelo menos um grande fracasso, “Lightyear” (2022), que arrecadou apenas US$ 226 milhões mundialmente. Rumores do mercado hollywoodiano, inclusive, apontam que o fraco desempenho dessas histórias originais, aliado ao sucesso da nova continuação, poderia apontar para um cenário em que a companhia focasse mais em sequências e histórias derivadas. Mas não é o que defende o produtor Mark Nielsen, há três décadas na empresa.
— A Pixar sempre esteve disposta a fazer continuações quando tem uma história para contar. “Toy story 2” foi nosso terceiro filme. A Pixar não tem medo de fazer continuações, porque são universos criados que são tão ricos que, às vezes, existem muitas histórias para contar — diz Nielsen. — O grande desafio é encontrar um balanço, porque também amamos histórias originais.
Era da Ansiedade
Acompanhada por Vergonha, Tédio e Inveja, a Ansiedade é a novidade e a protagonista da vez, ocupando no cérebro da jovem menina Riley o espaço que antes era dominado pela Alegria. Na versão brasileira dublada em português, a personagem ganhou a voz da atriz e apresentadora Tatá Werneck (Maya Hawke, de “Stranger things”, faz a voz original).
— Me emocionei dublando umas emoções que trabalham em mim de carteira assinada e saí do filme decidida a deixar a alegria reinar — diz Tatá. — É um filme para a família toda. Um presente para assistir com seus pais, amigos e psicólogos.
Além de Tatá, o elenco de vozes brasileiras conta com as novidades de Eli Ferreira como Tédio, Gaby Milani como Inveja e Fernando Mendonça como Vergonha, e os retornos de Miá Mello como Alegria, Otaviano Costa como Medo, Dani Calabresa como Nojinho, Leo Jaime como Raiva e Katiuscia Canoro como Tristeza.
No original, o time de vozes conta com as presenças de Amy Poehler (Alegria), Phyllis Smith (Tristeza), Tony Hale (Medo), Lewis Black (Raiva), Liza Lapira (Nojinho), Paul Walter Hauser (Vergonha) e Ayo Edebiri (Inveja).
Mann lembra que, com a pandemia, a ansiedade virou um tema mais em discussão em todo mundo, mas reforça que a emoção já teria participação importante na obra antes mesmo do confinamento em razão da Covid-19.
— Comecei a trabalhar na história em janeiro de 2020. Fiz muitas pesquisas sobre o que adolescentes sentiam naquela época. E, já naquela época, a ansiedade estava em crescimento entre adolescentes, especialmente garotas. Aí veio a pandemia e fez tudo ainda pior em termos de ansiedade, não só em adolescentes, mas para todos nós — conta o diretor, que comemora o sucesso da nova personagem antes mesmo da estreia. — Desde o primeiro teaser que divulgamos, a resposta das pessoas foi muito maior do que jamais esperamos. As pessoas se identificaram, se sentiram vistas e escutadas. Queríamos deixar claro para as pessoas que elas não estão sozinhas com seus sentimentos.