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Dona Onete evoca festas do interior e se joga na "Bagaceira", seu novo álbum

Banguê, brega, carimbó e lambada entram no caldeirão cultural paraense exaltado pela artista

Dona Onete - Tereza Maciel/Divulgação

Dona Onete, diva da música popular paraense, completou 85 anos de vida nesta terça (18). Ela aproveitou a data para botar no mundo “Bagaceira”, seu quarto álbum, em que celebra sua vida e também a riqueza e diversidade cultural do Pará e da Amazônia brasileira.

Ao longo de dez faixas, Dona Onete costura suas experiências de vida e passeia por ritmos diversos do Norte, em uma atmosfera que remete às festas de interior da sua região.

“A festa do interior do Pará é uma bagaceira. Você chega, dança, come, bebe, pensa que acabou a festa, volta pro salão, dança, o sol nasce e a festa ainda não terminou. E, quando vai terminar, os ribeirinhos pegam o barco e continuam a festa no Ver-o-Peso”, conta.

O disco
“Eu quis fazer uma mistura grande. Tem banguê, brega, carimbó, lambada... uma mistura só”, avisa Dona Onete. São esses ritmos que nos conduzem a uma verdadeira viagem pelo Pará, suas tradições, sua música, suas danças, em clima de muita festa.

O termo “bagaceira” acabou sendo o norte do disco, uma vez que o repertório traz a identidade das festividades rurais, sem preocupação crítica nem satisfações a quem quer que seja.

"É algo mais profundo do que apenas a festa pela festa. Nos tempos antigos, dos engenhos de cana-de-açúcar em Igarapé-Miri (PA), a 'bagaceira' era uma expressão usada pelos caboclos. Era sobre aquelas festas depois do baile oficial, longe dos olhares críticos da sociedade, sabem? O povo dançava descalço, com a sua curtição, à sua maneira. Era uma festa sem os refinamentos da alta sociedade", conta.

Desde o banguê da faixa-título, até a atmosfera festiva do carimbó, em "Curió Cantador", e também  "Lunlambumbarimbó", (com participação de Félix Robatto) e "Festa no Ver-O-Peso", cada faixa é uma história viva, uma narrativa que ecoa as experiências de vida da cantora, refletindo a essência dos locais onde nasceu e viveu. 

Produção
Dona Onete fez questão de cuidar da concepção de “Bagaceira” do início ao fim, participando de todo o processo de produção do disco. Das conversas iniciais até a produção final, cada música é uma expressão da sua visão artística, com histórias, sentimentos e personagens que ela quer compartilhar em festa com o mundo.

Seja na parte sonora, nas letras, tudo que atravessa “Bagaceira” contou com o dedo da Dona Onete. A arte da capa, por exemplo, assinada pela artista plástica paraense Maitê Zara, foi inspirada em uma foto de Renato Reis especialmente selecionada por Dona Onete.

O figurino do novo trabalho também foi escolhido a dedo. A indumentária apresenta elementos da arte marajoara, estampados na saia rodada e típica das dançarinas de carimbó, entre outras referências da cultura paraense. 

“Bacageira” tem o patrocínio da Natura Musical através da Lei Semear, Fundação Cultural do Pará e Governo do Estado do Pará.