rio de janeiro

Caso brigadeirão: laudo comprova que Suyany enviou áudio a Júlia se passando por "Nat"

A mentira seria para que a suspeita ficasse durante um mês na casa do empresário. As mensagens de voz periciadas fazem parte do inquérito; para a polícia, comprovam que as duas estavam juntas na trama

Júlia Cathermol Pimenta e Suyany Breschak: as duas estão presas, suspeitas de envolvimento na morte do empresário Luiz Marcelo Ormond. - Reprodução

Áudios enviados por Suyany Breschak para a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, confirmam uma versão combinada entre as duas para que Júlia enganasse o namorado Jean Cavalcante de Azevedo para passar um mês na casa do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 45 anos.

O corpo dele foi encontrado no dia 20 de maio em seu apartamento no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio. Júlia é acusada de o envenenar com um brigadeirão, dias antes de o corpo ser encontrado, a mando de Suyany por motivação financeira. 

Para a polícia, as gravações comprovam que as duas estavam juntas para enganar Jean e Júlia ficar na casa da vítima durante um mês.
 

As gravações foram enviadas a perícia, no dia 12 de junho, e passou por exame de comparação de falantes (uma combinação de análises fonético-fonológicas, linguísticas e acústicas, comparado com a fala padrão da suspeita no depoimento dado a polícia).

O laudo audiográfico constatou que a voz é de Suyany e foi anexado ao inquérito da morte de Luiz Marcelo.

Nas mensagens de voz, Suyany se identifica como “Nat” e pede para que Júlia cuide dos filhos dela durante o período de um mês.

“Oi Ju, tudo bem? Sou eu a Nat, desculpa estar te mandando áudio. Você sabe que é uma pessoa que eu confio para caramba e a minha mãe não está muito boa. Está com uns problemas de cabeça, está agredindo as pessoas e não está se dando com irmão nenhum. E ninguém quer internar ela. Como você sabe, eu separei não tem muito tempo. Estou sozinha com as crianças, estava até com uma babá, mas ela furtou um monte de joias e coisas minha. Tive que mandar embora e as crianças têm escola”, começa Suyany no áudio.

Antes de fazer uma suposta oferta de trabalho, ela destaca que um dos filhos tem deficiência e que precisaria ficar pelo menos um mês com a mãe doente, que estaria agredindo as outras pessoas da família.

“Você pode ficar com eles pelo menos um mês? Eu te pago por criança R$ 5.500 e eles vão para escola todo dia. Você cuida da casa e deles. Também vou estar pagando o seu aluguel, que eu sei que você tem uma casa, para não perder sua casinha. Pago também o plano de saúde e aqui as coisas são fartas”, continua Suyany pedindo uma resposta de Júlia.

Nas mensagens de voz ela diz para a Júlia que estaria morando em São Pedro de Aldeia, garante ainda que pagaria a ida dela para supostamente cuidar dos filhos. E destaca que ela pode morar lá por um mês para prestar o serviço, e faz exigências.

“Eu sei que está chegando o seu aniversário, só que realmente preciso que dê atenção a eles até pelo outro (um dos filhos) ter problema e cuidar dos cachorros também. Peço que você não fique em telefone, que você dê mais atenção para eles. Não sair, não deixar eles. Sei que você é uma pessoa responsável e tal”, afirmou na gravação.

Ela acrescenta ainda que não teria como a pedir a irmã, que seria uma enfermeira, porque ela acabou de ter filhos e ainda precisa trabalhar. Suyany diz ainda que se Júlia precisar ela pode fazer um contrato de trabalho e que ela seria a única pessoa de confiança.

“Em você eu confio. Sei que não vai me roubar, que não vai fazer mal para os meus filhos”, disse no último áudio, em que ainda pediu que ela fosse quanto antes. “Não repara na minha voz, é que tomei calmante e estou muito mal por causa da situação da minha mãe”, completou.

O laudo audiográfico constatou que Suyany “utiliza o tepe alveolar vozeado em coda silábica com frequência e também /e/ nasal ditongado”. Além de fazer o “uso do s com pouca africação e pouca palatalização de ‘t’ e ‘d’ diante de ‘i’. Concluindo que são as mesmas características presentes na fala da mulher que se identifica como “Nat” e a voz dela no depoimento à polícia.