Ozempic cristão? Pastor viraliza ao dizer que mulher perdeu 23kg após oração
Estima que, das mais de 40 milhões de mortes anuais atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis, 5 milhões sejam pelo sobrepeso e obesidade
O pastor Celio Rosa da Silva, fundador do ministério O Pescador Sal da Terra, em Rondonópolis (MT), viralizou nas redes sociais com uma fala revelando um “milagre” que ele fez.
“A filha de um pastor tinha problema de obesidade, e na hora que eu orei por ela tiveram que segurar a saia dela porque se não caia”, declarou Celio, durante participação em um podcast.
Ao ser questionado pela apresentadora, o pastor confirmou que a mulher emagreceu e insinuou que a obesidade é um problema espiritual. Em seguida, Celio revelou um outro “milagre do emagrecimento” realizado por ele, em Maringá, Paraná.
“Em Maringá, eu orei por uma mulher que ela emagreceu 23 quilos na hora”, afirmou Celio. Apesar da declaração, o líder religioso não apresentou provas de ambos os casos.
Obesidade
Vale ressaltar que a obesidade é uma doença crônica e complexa, que possui diferentes fatores que levam ao seu desenvolvimento.
A Federação Mundial da Obesidade (WOF, na sigla em inglês) estima que, das mais de 40 milhões de mortes anuais atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis, cerca de 5 milhões sejam impulsionadas pelo sobrepeso e obesidade.
Esses são dados recentes do Atlas da Obesidade Mundial, divulgado no mês de março de 2024.
O Ministério da Saúde explica que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “obesidade é o excesso de gordura corporal que pode causar prejuízos à saúde”.
De acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet e apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas no mundo, 1 a cada 8, vivem com obesidade.
No Brasil, porém, a proporção considerando a população adulta já é de 1 pessoa com a doença a cada 4, apontam dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual do Ministério da Saúde.
Segundo o levantamento, 24,3% dos adultos brasileiros são obesos – percentual que chega a ser de 32,6% entre homens de 45 a 54 anos, praticamente 1 a cada 3. Na outra ponta, a proporção mais baixa é entre mulheres de 18 a 24 anos, faixa em que 11,8%, 1 a cada 10, têm obesidade.
A pesquisa foi realizada nas capitais do país e mostra ainda os números em cada uma das cidades. A taxa mais baixa é encontrada em Goiânia, 17,7%, mais de seis pontos percentuais abaixo da média nacional.
Entre as mulheres do município goiano, chega a ser de 15,9%. Já a mais alta fica em Macapá, capital do Amapá, onde 30,4% da população adulta, e 33,4% dos homens, são obesos.
Excesso de peso já acomete mais de 60% dos adultos
O quadro de obesidade é considerado pelo índice de massa corporal (IMC) igual ou acima de 30 kg/m2. O cálculo do IMC é obtido pela divisão do peso pelo quadrado da altura.
Porém, quando analisado o percentual de adultos com excesso de peso – que inclui também aqueles com o IMC igual ou acima de 25 kg/m2, o chamado sobrepeso – o número chega a 61,4% dos adultos no Brasil, mais de 1 a cada 2.
A proporção é acima até mesmo das previsões para a média global daqui a 10 anos.
De acordo com o último atlas da Federação Mundial da Obesidade, lançado na semana passada, a expectativa é que 1,77 bilhões de pessoas tenham sobrepeso, e 1,53 bilhões, obesidade, em 2035 – o que somados representa 54% da população adulta do planeta.
No Brasil, em relação à faixa etária, atualmente o pior cenário do excesso de peso está entre homens de 45 a 54 anos, assim como o da obesidade sozinha: 75% deles têm o IMC igual ou acima de 25 kg/m2.
Por outro lado, o percentual mais baixo é também entre as mulheres de 18 a 24 anos, em que 36,2% sofrem de sobrepeso ou obesidade. Nas capitais, o percentual mais baixo está em Teresina, capital do Piauí (50%), e o mais alto no Rio de Janeiro (65,2%).