EUA sanciona líderes do cartel mexicano "Nova Família Michoacana"
Sancionados são acusados de tráfico de drogas e armas, além de contrabando de imigrantes
Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (20) sanções econômicas contra oito líderes e tenentes do cartel mexicano Nova Família Michoacana por tráfico de fentanil, cocaína e metanfetamina, além de contrabando de migrantes pela fronteira mexicana.
Os sancionados "realizaram atos hediondos, desde o controle de rotas de drogas até o tráfico de armas, lavagem de dinheiro e assassinatos", dirá a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em Atlanta, de acordo com um discurso distribuído à imprensa antes de seu discurso.
As sanções do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) têm como alvo "um dos cartéis mais poderosos e violentos do México", disse o Departamento do Tesouro em um comunicado.
A Nova Família Michoacana costumava traficar metanfetamina, mas nos últimos anos expandiu sua atividade para a produção de fentanil, que é contrabandeado para os Estados Unidos através da fronteira "por meio de ônibus, entre outros meios de transporte", afirmou. Uma vez lá dentro, ele envia a droga para cidades como Atlanta, Houston, Dallas, Tulsa, Chicago e Charlotte.
Washington também acusa o cartel de estar envolvido no tráfico de pessoas.
"Por exemplo, os membros da Nova Família Michoacana encenam fotografias e vídeos mostrando pessoas sob interrogatório ou em risco de serem mortas", com os quais os migrantes "alegam falsamente às autoridades de imigração dos EUA sua suposta necessidade de solicitar asilo", diz o documento.
Em troca, os migrantes lhes pagam dinheiro.
Ameaças
O cartel também os obriga a transportar drogas e, se os migrantes "não cumprirem a ordem (...) são informados de que eles e suas famílias serão mortos", diz a declaração.
Além disso, o cartel usa trabalhadores da indústria do tabaco para o tráfico de drogas, acrescenta.
Os oito sancionados são Rodolfo Maldonado Bustos, um membro "poderoso" que Washington acusa de controlar as rotas de drogas de Ciudad Altamirano até a área de Zihuatanejo-Lázaro Cárdenas, ambas no estado mexicano de Guerrero, no sudoeste do país.
Josué Ramírez Carrera é o "líder financeiro e terceiro na linha de frente da Nova Família Michoacana" e está encarregado da "lavagem de dinheiro" por meio do negócio de roupas usadas, afirmam os EUA.
Também o acusam de estar envolvido no tráfico de armas: "Ele orienta indivíduos em todo o Vale do Rio Grande a esconder armas dentro de pacotes de roupas usadas destinadas à Cidade do México".
Josué López Hernández, outro dos sancionados, "é um tenente-chave da Nova Família Michoacana e tem conexões regionais significativas com outros cartéis, como o CJNG", o Cartel de Jalisco - Nova Geração, diz o governo dos EUA.
Completam a lista David Durán Álvarez, que envia drogas para Houston, Texas; Uriel Tabares Martínez, "um assassino" conhecido como "El Médico" pela violência "com que tortura e assassina"; Kevin Arzate Gómez, outro "tenente-chave" com associados ao longo da fronteira EUA-México; Euclides Camacho Goicochea, que negocia principalmente metanfetamina; e Lucio Ochoa Lagunes.
Como resultado das sanções, todos os ativos e interesses em ativos dos indivíduos sancionados nos Estados Unidos ou na posse ou controle de americanos estão bloqueados.
Paralelamente às sanções do OFAC, a a Rede contra Crimes Financeiros(FinCEN) do Tesouro emitiu um comunicado com informações para ajudar os bancos americanos e outras instituições financeiras a se protegerem de atividades relacionadas ao fornecimento de fentanil.
Um milhão de mortos
Nos últimos dois anos, o Tesouro sancionou mais de 250 alvos do tráfico de drogas, de líderes de cartéis a laboratórios, redes de transporte e fornecedores de produtos químicos.
As drogas têm causado estragos nos EUA há décadas.
"Desde 2000, mais de um milhão de pessoas morreram nos Estados Unidos devido a overdoses de drogas", dirá Yellen em seu discurso. Centenas de milhares de outras pessoas "poderão morrer de overdose até o final desta década", principalmente devido ao uso de fentanil e outros opioides sintéticos.
"Embora essa seja, antes de tudo, uma perda pessoal desoladora, é também uma perda para nossa economia", acrescentará ela.
O Comitê Econômico Conjunto dos EUA estima que a epidemia de opioides custou ao país quase US$ 1,5 trilhão (mais de 7 trilhões de reais) em 2020.