REVELAÇÃO

Marcelo D2 fala da paixão por Luiza Machado, lembra a morte do pai e quando amou um homem

Em entrevista, rapper e diretora contam como se curaram pelo amor colocando o pé no freio da vida louca para honrar esse encontro

Marcelo D2 disse que já aceitava a possibilidade de viver só, antes de conhecer a diretora Luiza Machado - Reprodução/Instagram

"O amor que tenho pela Luiza reacendeu a vontade de tudo de novo. Estou me sentindo um músico novo, um pai novo, um homem novo", disse Marcelo D2 no palco do Manouche, casa de shows na Zona Sul do Rio, durante uma entrevista ao lado da mulher, a diretora Luiza Machado.

O artista contou que, do alto dos 50 e poucos anos, alguns casamentos e quatro filhos depois já aceitava a possibilidade de viver só.

— Estava naquela: ''Ah, tá bom, tive várias relações legais. Amei e fui amado. Vou virar aqueles coroas que moram num apart hotel em Ipanema, anda com carro conversível e fuma cigarro na piteira — , brincou o cantor.

Mas o amor chegou chegando e renovou a inspiração do artista num momento em que ele considerou parar de fazer música por se sentir repetitivo, sem nada a dizer.

Nasceu, então, os discos e filmes ''Amar é para os fortes'' e ''Iboru'', trazendo uma nova linguagem, a do cinema, para carreira do rapper. A novidade oxigenou cabeça e criatividade.

Divina Valéria: 'Sou uma mulher que não tem idade, mas juventude acumulada', diz transexual, que completou 80 anos

Não foi só na arte que o amor transbordou. Mexeu também com a vida prática dos dois.

Luiza contou que se curaram juntos pelo amor. Precisaram meter o pé no freio da vida louca para honrar o valioso encontro. Após um carnaval intenso, fizeram um pacto de maneirar na bebida e levar uma vida mais saudável. Uma vida que gerou outra: a da neném Bebel, de 2 anos, filha do casal.

A noite foi recheada de revelações:

Marcelo falou sobre o primeiro homem que amou, o amigo Skunk, que fundou o Planet Hemp com ele, e morreu em 1994, de complicações da Aids

— Skunk foi o primeiro cara que eu olhei e falei: "Eu amo esse cara, tá ligado?". E de onde eu vim, não podia falar para um amigo que amava. Se falasse, diriam: 'Tu é viado? Tá maluco? Ama é o caralho! Vai amar a puta que o pariu'.

Luiza foi às lágrimas ao revelar que a sogra morreu (em 2021) numa ligação com ela, na data de seu aniversário.

— Ela passou mal falando no telefone comigo. Tinha me ligado para me dar os parabéns, para agradecer porque estava vendo o Marcelo feliz...

O momento em que o pai de Marcelo morreu, foi um dos mais duros da vida do rapper. Ele emburacou nas drogas para tentar aplacar a dor.

— Eu estava com 29 anos, virei um cara de sucesso, tinha dinheiro, fui pra cadeia (Marcelo e os companheiros do Planet Hemp foram presos em 1997, após defenderem a legalização da maconha em um show), a vida estava uma bagunça... Meu pai morreu e eu me droguei muito — lembra, falando, em seguida, sobre o impacto desta perda. — Sinto uma falta do meu pai danada, no Dia dos Pais, no dia do aniversário dele... Porque com a minha mãe, tive essa relação: ela me viu fazer sucesso, saindo daquele moleque adolescente problemático, que brigava, roubava e andava armado, para um adulto. Com meu pai, não. Ele teve câncer, foi tudo muito rápido, a gente não teve um momento de se olhar. Sinto um vazio nesse lugar.

Marcelo narrou ainda como o racismo opera com ele.

— Sou um preto que goza dos privilégios do branco porque tenho a pele clara. Quando está tudo bem, sou um homem branco. Quando faço alguma merda, é ‘aquele neguinho favelado lá’.

O músico encerrou a conversa falando sobre o que pensa da política de drogas atual no Brasil:

— Ainda vai ter muito político falando que vai acabar com a maconha. Estou um pouco cansado dessa pauta da maconha, tô preferindo fumar.