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Família mais rica do Reino Unido: tribunal suíço deve se pronunciar sobre denúncia de tráfico humano

Os Hinduja, família mais rica do Reino Unido, nega acusações contra quatro de seus membros, que teriam traficado trabalhadoras domésticas da Índia e as exploraram na sua vila em Genebra

Família mais rica do Reino Unido em Genebra com seus advogados - AFP

Um tribunal suíço deve emitir, nesta sexta-feira (21), uma decisão sobre a sobre a acusação de tráfico humano por membros da família , a mais rica do Reino Unido, os Hinduja. As alegações são de que a família explorou trabalhadoras domésticas em uma vila de luxo em Genebra.

Os promotores acusaram quatro membros da família Hinduja Prakash Hinduja, Kamal Hinduja, Ajay Hinduja e Namrata Hinduja e os acusaram de traficar vários trabalhadores da Índia, confiscando seus passaportes e forçando-os a trabalhar 16 horas por dia sem pagamento de horas extras na vila. Os advogados que representam os Hindujas negaram as acusações.

A família Hinduja dirige um conglomerado multinacional com grandes participações na indústria automobilística, em bancos, petróleo e gás, ramo imobiliário e cuidados de saúde. O Sunday Times, de Londres, estimou recentemente o patrimônio líquido da família em 37 bilhões de libras (R$ 255 bilhões), listando-os como a família mais rica do Reino Unido.

As discussões no julgamento começaram em 10 de junho, com o promotor principal, Yves Bertossa, alegando que a família havia gasto mais com um animal de estimação do que com o salário de uma trabalhadora doméstica, segundo relatos da mídia suíça.

Algumas trabalhadoras domésticas recebiam apenas 10 mil rúpias por mês (cerca de 120 dólares, o que equivale a R$ 654), de acordo com a acusação original. Também aponta que muitos dos trabalhadores eram oriundos de regiões pobres na Índia e trabalhavam "desde o amanhecer até tarde da noite" sem pagamento de horas extras. Os seus salários bem abaixo do salário mínimo de Genebra para trabalhadores domésticos foram pagos em contas bancárias indianas às quais não tinham acesso fácil, ainda segundo a acusação.

Os procuradores alegaram que a família Hinduja confiscou os passaportes dos trabalhadores e disse-lhes para não saírem da vila, onde dormiam em beliches em um quarto sem janelas. Esperava-se que os trabalhadores estivessem sempre disponíveis, segundo a acusação, inclusive em viagens à França e a Mônaco, onde trabalharam nas mesmas condições.

Romain Jordan, advogado que representa a família Hinduja, rejeitou o que chamou de "alegações exageradas e tendenciosas".

"Os membros da família Hinduja negam veementemente estas acusações e continuam determinados a defender-se", disse ele em um comunicado na quarta-feira.

Um caso civil envolvendo os principais acusadores, que trabalhavam para a família, foi resolvido na semana passada, segundo relatos da mídia suíça. Jordan recusou-se a discutir os termos, mas disse que o acordo era "confidencial" e que os demandantes retiraram as suas queixas.

No caso criminal, onde o juiz deverá decidir na sexta-feira, os procuradores pedem penas de prisão até cinco anos e meio, juntamente com milhões de francos em multas e indenizações, segundo os meios de comunicação suíços.

Três irmãos Hinduja lideram o conglomerado da família, dois deles baseados no Reino Unido e em toda a Europa. A família possui extensos imóveis em Londres, incluindo uma residência de 25 quartos e um Raffles Hotel cinco estrelas em um antigo edifício governamental histórico, o Old War Office.

O mais velho dos irmãos, Srichand P. Hinduja, que também era presidente adjunto do Grupo Hinduja, morreu em maio do ano passado, aos 87 anos. Antes de sua morte, alas da família estiveram envolvidas em uma batalha prolongada pelo controle dos ativos da família.