Atos golpistas: entenda o voto de Moraes pela condenação de homem que quebrou relógio
Antônio Cláudio Alves Ferreira danificou peça histórica durante atos golpistas no Palácio do Planalto
Ao votar pela condenação do mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que fotos e vídeos extraídos de seu celular pela Polícia Federal mostram que ele fazia parte de “uma turba violenta”, que iniciou marcha rumo à Praça dos Três Poderes, na Capital Federal e, com emprego de violência, invadiu as sedes dos Três Poderes.
Algumas das imagens, de acordo com Moraes, dão conta da participação de Ferreira nas manifestações. Em um dos arquivos recuperados, em formato de selfie, o rapaz diz: “Olha nossa janta, achou que nós ia passar fome, né? Aqui ó, ó o suquinho, água gelada. Achou mesmo é? Aqui é Brasil, porra. Chupa PT!”.
Moraes destaca que, após entrar no Palácio do Planalto, Ferreira passou a quebrar vidros do prédio, a depredar cadeiras, painéis, mesas, obras de arte e móveis históricos, e foi o responsável por danificar um relógio histórico do francês Balthazar Martino, trazido ao Brasil por Dom João VI em 1808.
Além de fotos da peça destruída em fragmentos, as investigações da Polícia Federal que embasam o voto do ministro mostram a identificação de impressões digitais produzidas pelo mecânico no vidro interno do compartimento da mangueira de incêndio, localizada no corredor do terceiro andar do Palácio do Planalto.
“Os documentos periciais sinalizam o incontestável engajamento do réu ao movimento golpista verificado desde a proclamação do resultado das Eleições Gerais de 2022 e sua atuação criminosa no dia 08/01/2023, restando comprovados sua passagem pelo Quartel General, seu acesso ilícito à Praça dos Três Poderes, bem como ao Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, tudo em postura de intensa adesão”, escreve Moraes.
Em depoimento à PF, Ferreira confessou que danificou um vidro para ingressar no Planalto e disse que "em razão da reação dos órgãos de segurança, resolveu danificar o relógio histórico e rasgar uma poltrona, os quais estavam na parte interna do prédio e, após, jogou um extintor nas câmeras".
O ministro votou para condenar o mecânico a 17 anos de prisão pelos crimes de associação criminosa armada; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima.