Saiba o que fazer com o valor da restituição do Imposto de Renda
O 2º lote será liberado nesta sexta (28). Especialistas recomendam que o contribuinte priorize pagar dívidas
Em meio à temporada do Imposto de Renda, o pagamento da restituição é o momento mais esperado pelo contribuinte. O valor nem sempre é expressivo, mas o fato é que qualquer quantia extra pode ajudar a complementar a renda e pagar dívidas, ou adquirir algum item.
Os contribuintes que recebem um pouco mais, podem fazer investimentos maiores ou aplicar numa poupança, por exemplo. O primeiro passo para planejar o que fazer com os valores é verificar no calendário da restituição, pelo site da Receita Federal, qual a previsão de pagamento de acordo com os lotes.
Depois disso, o ideal é saber qual o valor a ser restituído para, em seguida, planejar o que fazer. Com a primeira leva já paga, os lotes restantes estão programados para 28 de junho (2º lote), 31 de julho (3º lote), 30 de agosto (4º lote) e 30 de setembro (5º lote).
A reportagem consultou especialistas em educação financeira para mostrar o que pode ser feito com o dinheiro de sua restituição. No geral, a principal orientação é quitar as pendências financeiras. Por outro lado, para os que estão com as contas em dia, aplicar o valor é uma ótima opção.
De acordo com o educador financeiro, Fernando Lamounier, para os que acumularam dívidas é importante priorizar a quitação dos débitos como despesas com cartão de crédito, empréstimos pessoais ou financiamentos. Essa seria uma boa saída para reduzir os custos e economizar dinheiro com juros a longo prazo.
É importante lembrar que as dívidas tendem a acumular juros altos e podem virar uma “bola de neve” no orçamento. Sendo assim, é preciso entender quais são as dívidas mais urgentes e priorizar o pagamento com a restituição.
Para Lamounier, a maioria dos brasileiros está preocupada com o pagamento dos débitos e a atual situação de endividamento no Brasil influencia na hora de decidir o que fazer com o valor.
Endividamento
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC), o número de endividados no Brasil aumentou em 2024.
Segundo o estudo, a proporção de famílias endividadas passou de 78,5% em abril para 78,8% maio, o terceiro mês seguido de crescimento. O resultado é mais elevado também em relação ao ano passado, quando 78,3% das famílias estavam endividadas.
A fatia de consumidores com contas em atraso permaneceu em 28,6% em maio, mesmo resultado visto em abril. Em maio de 2023, a proporção de famílias inadimplentes era mais elevada, 29,1% tinham contas em atraso.
O cartão de crédito permanece como o principal tipo de dívida, mencionado por 86,9% dos endividados. Já o uso do cheque especial desceu a 3,9% em maio, o menor nível da série histórica iniciada em 2010. A CNC estima novos aumentos na proporção de famílias endividadas nos próximos meses, alcançando 80,4% em dezembro de 2024.
Livre de débitos
Entretanto, para aqueles que se encontram livres dos débitos, a restituição do Imposto de Renda pode ser um momento oportuno para iniciar um investimento. De acordo com Lamounier, o contribuinte pode considerar investir parte da verba, ou todo o valor da restituição, em ações, títulos, fundos mútuos ou de índice.
A iniciativa ajuda a aumentar o seu patrimônio líquido a longo prazo e contribui para concretização de objetivos financeiros, como aposentadoria, educação dos filhos ou compra de uma casa, por exemplo.
Planejamento
Arthur Lemos, educador financeiro, explica que não há alternativa mais correta na hora de destinar o valor, isso porque, segundo o economista, o planejamento financeiro é algo muito pessoal e a quantia varia a depender do contribuinte.
“Na hora de fazer o planejamento da restituição do IR, é importante que a pessoa considere a sua atual realidade e prioridades, para definir se o uso será para um objetivo de curto, médio ou longo prazo”, orientou.
Em alguns casos, o valor recebido chega a ser inferior a R$ 100, o que impossibilita grandes planejamentos. Mas continua sendo uma excelente oportunidade para investimentos ou criação de um fundo de emergências.
Como foi o caso de Janaina Cristina, gerente de loja, que vai receber pela segunda vez a restituição.
“Ano passado foi a primeira vez que declarei o Imposto de Renda, a restituição foi bem inesperada e não tive como fazer muitos planos. Como foi pouco, usei para pagar alguma conta na época”, afirmou Janaina.
A gerente, que também receberá a restituição neste ano, diz que agora pretende aplicar a quantia em um fundo de emergências. “O valor que vou receber esse ano é parecido com o que saiu ano passado, então vou guardar para alguma emergência, porque sempre aparece uma conta inesperada no meio do mês quando o valor do salário já foi embora”, afirmou.
Janaina contou que nunca tinha pensando em investir o valor, mas disse que pretende se organizar melhor para os próximos anos.
Já Maiza Neri, arquiteta e empreendedora, recebe a restituição há alguns anos e sempre planeja a aplicação do valor. Neste ano, ela deixou a declaração para última hora e só deve receber o valor nos últimos lotes.
Maiza tem um escritório de arquitetura e conta que o valor ajudou na montagem do empreendimento. “Na época em que o escritório nasceu coincidiu com o período de restituições. Também fiquei nos últimos lotes e não estava contando com o valor para aquele momento”, explicou.
A arquiteta tem o escritório há 5 anos e diz que costuma investir o valor no negócio, mas desta vez pretende aplicar em investimentos pessoais. “Maiza profissional e pessoa geralmente estão muito ligadas. Uma das minhas missões esse ano é separar um pouco as duas. Então, busquei a ajuda da minha contadora, que me indicou investir o valor”, disse ela.
A empreendedora ainda disse que está utilizando o tempo até o dia do lote do seu reembolso para chegar a um consenso com sua contadora.
Valor pago
Na próxima sexta, 28 de junho, 5.755.667 contribuintes receberão as transferências, com um valor total de crédito de R$ 8,5 bilhões. Esse total inclui contribuintes com prioridade, sendo 140.360 contribuintes idosos acima de 80 anos; 1.024.071 contribuintes entre 60 e 79 anos; 66.287 contribuintes com alguma deficiência física ou mental e moléstia grave.
Outros 459.444 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério; 3.812.767 contribuintes que não possuem prioridade legal, mas que receberam prioridade por terem utilizado a declaração pré-preenchida ou optado por receber a restituição via Pix; 252.738 contribuintes, priorizados em razão do estado de calamidade decretado no Rio Grande do Sul (RS).