STF tem dois votos para condenar homem que quebrou relógio no 8 de janeiro
Cristiano Zanin divergiu de Alexandre de Moraes e defendeu pena menor
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem um placar de dois votos a zero para condenar o mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, responsável pela destruição do relógio de Balthazar Martinot durante os atos golpistas do 8 de janeiro.
O ministro Cristiano Zanin acompanhou o relator, Alexandre de Moraes, divergindo apenas na pena: 15 anos, e não 17.
Zanin tem apresentado a mesma divergência em todos os julgamentos do 8 de janeiro. Isso acontece porque o ministro faz um cálculo diferente para as penas de dois dos crimes imputados, o de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado.
As penas sugeridas por Moraes, contudo, têm prevalecido na maior parte dos casos.
Além da destruição do relógio, as investigações da Polícia Federal (PF) também mostraram a identificação de impressões digitais produzidas pelo mecânico no vidro interno do compartimento de uma mangueira de incêndio localizada no corredor do terceiro andar do Palácio do Planalto.
Em depoimento à PF, Ferreira confessou que danificou um vidro para ingressar no Planalto e disse que "em razão da reação dos órgãos de segurança, resolveu danificar o relógio histórico e rasgar uma poltrona, os quais estavam na parte interna do prédio e, após, jogou um extintor nas câmeras".
O objeto destruído pelo mecânico é uma peça única no Brasil. De acordo com a Presidência da República, o autor da obra tem apenas mais um exemplar, que está exposto no Palácio de Versalhes, em Paris.
"O relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI", declarou a Presidência dias após o atentado. A peça veio para o Brasil com a família real portuguesa, em 1808.