Extrema direita na França afirma que está preparada para governar

Candidato de extrema direita ao cargo de primeiro-ministro, Jordan Bardella, foi o grande vencedor das eleições europeias de 9 de junho no país

“Nós estamos preparados” para governar a França, afirmou nesta segunda-feira (24) o candidato de extrema direita ao cargo de primeiro-ministro, Jordan Bardella, seis dias antes do primeiro turno das legislativas mais incertas na história recente do país.

Bardella, estrela em ascensão da extrema direita, de apenas 28 anos, foi o grande vencedor das eleições europeias de 9 de junho em França. Seu triunfo contundente levou o presidente centrista Emmanuel Macron a antecipar as eleições legislativas, que estavam previstas para 2027.

"O Reagrupamento Nacional (RN) é atualmente o único movimento que pode implementar (...) as aspirações dos franceses. Em três palavras: Nós estamos preparados", disse Bardella ao apresentar seu programa eleitoral.

O RN e seus aliados lideraram as pesquisas para as legislativas com quase 35% das intenções de voto, seguidos pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) - entre 27% e 29,5% - e a aliança centrista de Macron - por volta de 20%.

Jordan Bardella aspira a carga de primeiro-ministro caso o seu partido, que tem Marine Le Pen como líder de facto, conquiste a maioria absoluta nas eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho.

O líder da extrema direita reiterou as principais linhas do seu movimento sobre a segurança e o controle da imigração. Também prometeu “big bang de autoridade” nas escolas, ao propor o uso de uniformes e a retirada de telefones celulares nos centros de ensino.

“Sete anos de ‘macronismo’ enfraqueceram o país”, disse Bardella, que reiterou os planos para expulsar os estrangeiros condenados por crimes e cortar os gastos “que favorecem a imigração”.

Para tentar atrair os concorrentes da direita descontentes com Macron, o candidato a primeiro-ministro do RN destruiu os resultados econômicos do governo de Macron, com dívida e déficit público superiores aos limites europeus.

Também criticou o programa do NFP, que irá provocar o aumento da imigração e uma profunda crise económica. “A França vai virar para a Venezuela, mas sem petróleo”, acrescentou.

- "Muito vigilante" com a Rússia -

Sobre a política internacional, o candidato ao primeiro-ministro garantiu que, se chegar ao poder, pretende manter o apoio do país à Ucrânia, mas será contrário ao envio de missões de longo alcance e de tropas francesas ao território ucraniano.

Embora os críticos considerem o RN próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Bardella garantiu que o seu eventual governo permanecerá "muito vigilante às tentativas de interferência da Rússia", país que atualmente é uma "ameaça para a França e a Europa".

Ao falar sobre o conflito entre Israel e o movimento islâmico Hamas na Faixa de Gaza, ele declarou que "reconhecer hoje um Estado palestino seria séria tomada de consciência do terrorismo". A França abriga a principal comunidade judaica da Europa.

Apesar dos temores sobre a chegada da extrema direita ao poder na França, o atual eurodeputado tentou mostrar tranquilidade e foi apresentado como o primeiro-ministro de "todos os franceses" e "garantidor das instituições", contra a "desordem e a violência".

Macron, cujo mandato termina em 2027, provocou um terremoto político na França com a antecipação inesperada das eleições, que pode obrigá-lo a compartilhar o poder com um governo de outra tendência política, uma coabitação.