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Autoridade de saúde dos EUA declara violência armada como "crise de saúde pública"

Relatório cita dados governamentais e de outras fontes que mostram que os Estados Unidos são um país atípico em termos de mortes e ferimentos por armas de fogo

Técnicos de evidências do xerife do condado de Oakland documentam a cena em que ocorreu um tiroteio no Brooklands Plaza Splash Pad em Rochester Hills, Michigan. - Jeff Kowalsky / AFP

A principal autoridade de saúde dos Estados Unidos divulgou um relatório, nesta terça-feira (25), declarando a violência armada como uma "crise de saúde pública" e pedindo um amplo controle de armas, uma medida que historicamente enfrenta uma forte oposição.

O parecer do cirurgião-geral Vivek Murthy, nomeado pelo presidente Joe Biden, é o primeiro grande relatório sobre a violência armada elaborado por seu gabinete, que possui autoridade limitada, mas desempenha um papel público significativo em questões de saúde pública.

"A violência com armas de fogo é uma crise urgente de saúde pública que tem causado perda de vidas, um profundo e inimaginável sofrimento para demasiados americanos", disse Murthy em comunicado.

"Não precisamos continuar por este caminho e não devemos submeter nossos filhos ao horror da violência com armas de fogo. Todos os americanos merecem viver livres da violência com armas de fogo, assim como do medo e da devastação que isso traz", afirmou.

O relatório cita dados governamentais e de outras fontes que mostram que os Estados Unidos são um país atípico em termos de mortes e ferimentos por armas de fogo, especialmente entre crianças.

Nos últimos anos, as armas de fogo se tornaram a principal causa de morte entre americanos de 1 a 19 anos, superando os acidentes de trânsito, de acordo com o relatório.

Em 2022, 48.204 pessoas morreram como resultado de armas de fogo, incluindo suicídios.

"Será necessário o compromisso coletivo de nossa nação para mudar o curso da violência com armas de fogo", disse Murthy, pedindo investimentos em pesquisa, programas de educação comunitária, apoio à saúde mental e controles mais rigorosos na compra de armas.

Um relatório semelhante sobre o tabaco na década de 1960 é considerado um passo inicial crucial para alertar sobre seus perigos, o que eventualmente levou a novas regulamentações e a uma queda acentuada no consumo.

"Crise moral" 
"O custo coletivo da violência armada para a saúde mental de nossa nação é imenso", escreveu Murthy na rede social X. "O trauma e a dor que tantos americanos experimentam devido a lesões e mortes relacionadas a armas já tiveram graves consequências."

"Esta é uma crise de saúde pública evitável, mas nossa incapacidade de enfrentá-la é uma crise moral", afirmou, pedindo ação com "clareza, coragem e urgência".

Suas recomendações incluem um armazenamento mais rigoroso de armas, verificações abrangentes de antecedentes para compradores, a retirada de armas de pessoas perigosas como cônjuges violentos, e a proibição de fuzis de assalto e carregadores de alta capacidade.

Essas medidas, apoiadas há muito tempo pelo presidente democrata Joe Biden, exigem um acordo político no Congresso antes de poderem ser aplicadas a nível federal.

Os republicanos geralmente se opõem a regulamentações com base na Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege o direito de possuir armas de fogo.

"Aos meus colegas republicanos: venham para a mesa de negociações e trabalhem conosco para aprovar uma lei que ajude a salvar vidas", disse nesta terça-feira o influente senador democrata Dick Durbin.

O poderoso lobby das armas, a NRA, rapidamente criticou o relatório como "uma extensão da guerra da administração Biden contra proprietários de armas que respeitam a lei".

"Os Estados Unidos têm um problema de crime causado por criminosos", afirmou o diretor executivo da organização, Randy Kozuch.